1 de julho de 2015

H. G. WELLS, A MÁQUINA MENTAL DO TEMPO





Desde muito cedo na sua carreira, H. G. Wells sentiu que devia haver uma maneira melhor de organizar a sociedade, e escreveu alguns romances utópicos. Começavam em geral com o mundo a caminhar inexoravelmente em direção de uma catástrofe, até que as pessoas se apercebiam da existência de uma maneira melhor para viver: ou através dos gases misteriosos de um cometa, que fariam com que as pessoas começassem subitamente a comportar-se racionalmente, ou pela tomada do poder por um conselho mundial de cientistas, como em The Shape of Things to Come de 1933, livro que o próprio Wells adaptou mais tarde para o filme de Alexander Korda, "Daqui a cem anos"  de 1936. Aqui descrevia-se, com demasiada exatidão, a guerra que estava a chegar, com cidades a serem destruídas por bombardeamentos aéreos. Ele analisa a dicotomia entre a natureza e a educação e questiona a humanidade em livros como A Ilha do Dr. Moreau. Nem todos os seus romances terminam em feliz Utopia, como mostra o distópico When the Sleeper Awakes. A Ilha do Dr. Moreau ainda é mais sombria. O narrador, após ficar encurralado numa ilha cheia de animais vivissectados, até se transformarem em seres humanos, acaba por regressar a Inglaterra e, tal como Guliver no regresso do país dos Houyhnhms, vê-se incapaz de afastar a percepção dos membros da sua própria espécie como bestas só ligeiramente civilizadas, regressando a pouco e pouco à sua natureza animal. Wells chamava às suas ideias políticas "socialistas", e com o seu gosto por utopias, olhou inicialmente com bastante simpatia para as tentativas de Lenin de reconstruir a destroçada economia russa, como mostra o seu relato de uma visita ao país, "Russia in the Shadows" em 1920. No entanto, desiludiu-se com a crescente rigidez doutrinária dos Bolcheviques e, após um encontro com Stálin, convenceu-se de que a revolução correra terrivelmente mal. Nisto foi provavelmente mais clarividente do que muitos dos intelectuais do seu tempo.  À medida que envelhecia, Wells foi-se tornando cada vez mais pessimista acerca do futuro da humanidade, como é sugerido pelo título do seu último livro, Mind at the End of its Tether. Os seus últimos livros tendiam a pregar mais do que a contar uma história, e não tinham a energia e inventiva dos trabalhos iniciais. É conhecido como o pai da ficção científica. Wells nasceu em 1866, em Bromley, na Inglaterra filho de um pequeno comerciante. Antes de ingressar na Escola Normal de Ciências em Londres, onde conheceu Thomas H. Huxley de quem ficaria bastante amigo, Wells trabalhou como professor-assistente. Após se formar chegou a trabalhar como professor de biologia até se tornar jornalista e escritor p.rofissional. Imagine um mundo onde é possível fazer viagens no tempo, para o passado ou para o futuro, encontrar civilizações diferentes ou a própria civilização humana em estágios diferentes de evolução. Imagine a terra sendo invadida por seres de outros planetas com suas próprias tecnologias, ou então um homem que pudesse ser invisível. Herbert George Wells imaginou.  Seu primeiro livro publicado foi “A Máquina do Tempo”, em 1895, o romance inaugural das viagens para o futuro ou para o passado. Ao contrário de Júlio Verne, já famoso escritor de ficção científica (embora o termo ainda não tivesse sido cunhado – ele foi criado em 1926 por Hugo Gernsback na revista Amazing Stories), Wells tinha o foco de suas histórias na condição social do homem. Segundo teria dito Júlio Verne: “As criações do Sr. Wells pertencem sem reserva a uma era e grau de conhecimento científico muito distantes do presente, entretanto não vou dizer que inteiramente além dos limites do possível”.Outras obras de H. G. Wells foram: A Ilha do Doutor Moureau (1896), O Homem Invisível (1897) e A Guerra dos Mundos (1898), trabalhos que o consagraram como um pioneiro da ficção científica. Outros trabalhos como Kipps (1905) e História de Mr. Polly (1910) não se tratam de ficção científica, assim como O Esboço da História (1920) e O Trabalho, Riqueza e Felicidade Humana (1932), considerados mais realistas. Em “The Fate of The Homo Sapiens” Wells já estava começando a abandonar o otimismo quanto ao desenvolvimento da raça humana e sua sobrevivência. Em 1904, Wells ainda publicou “Guerra Área” obra onde anteciparia os bombardeios que ocorreram na II Guerra. H. G. Wells “previu” tantas descobertas em suas obras que alguns de seus leitores chegaram a acreditar até que o mundo seria como Wells o descrevesse em suas novelas, artigos e livros de ficção. Wells morreu em 1946 por causas desconhecidas.

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