A Reforma
Protestante foi um movimento reformista cristão culminado no início do século
XVI por Martinho Lutero, quando através da publicação de suas 95 teses, em 31
de outubro de 1517na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, protestou contra
diversos pontos da doutrina da Igreja Católica Romana, propondo uma reforma no
catolicismo romano. Os princípios fundamentais da Reforma Protestante são conhecidos
como os Cinco Solas. Lutero foi apoiado por vários religiosos e governantes
europeus provocando uma revolução religiosa, iniciada na Alemanha,
estendendo-se pela Suíça, França, Países Baixos, Reino Unido, Escandinávia e
algumas partes do Leste europeu, principalmente os Países Bálticos e a Hungria.
A resposta da Igreja Católica Romana foi o movimento conhecido como
Contrarreforma ou Reforma Católica, iniciada no Concílio de Trento. O resultado
da Reforma Protestante foi a divisão da chamada Igreja do Ocidente entre os
católicos romanos e os reformados ou protestantes, originando o protestantismo.
No século 16, na Europa
central, foi iniciado um movimento de renovação da Igreja cristã denominado
Reforma Protestante. Já no final da Idade Média vários fatores contribuíram
para que isso ocorresse: a formação dos Estados Nacionais ou as modernas nações
europeias, com toda a descentralização política e com príncipes limitando a
autoridade do Imperador e com forte tensão entre o Estado e a Igreja. O poder
do papado entrou em declínio, ocorreram confrontos com reis, divisões entre os
próprios clérigos e a necessidade de reforma. Houve um Grande Cisma e até mesmo
3 papas rivais em lugares diferentes, de 1378 a 1417. O movimento Conciliar
buscou solução para a crise numa tentativa fracassada de democratizar a Igreja
e governa-la por meio de concílios. Os movimentos dissidentes na França
acarretaram forte oposição e a Inquisição fora oficializada em 1233. Nos
séculos 14 e 15 alguns movimentos esporádicos de protestos surgiram contra os
ensinos e práticas da Igreja medieval e alguns líderes foram chamados de
pré-reformadores: João Wycliff (1325-1384), João Huss (~1372-1415) e Jerônimo
Savonarola (1452-1498), por combaterem irregularidades e imoralidades do clero,
condenar superstições, peregrinações, veneração de santos, celibato e as
pretensões papais. Também outros movimentos romperam com a Igreja, os
movimentos devocionais como o misticismo, a Devoção Moderna dos Irmãos da Vida
Comum. Também nasceu o interesse em estudar as obras da Antiguidade pelos
Renascentistas e isso levou alguns “humanistas bíblicos” ao estudo da Bíblia
nas línguas originais. Muita convulsão política, social e religiosa havia no
final da idade média, revoltas dos camponeses, guerras, epidemias, o declínio
do feudalismo e da liderança dos Papas e da Igreja. A população se ressentia
dos abusos da Igreja e da sua falta de propósitos e corrupção. Muita violência,
baixa expectativa de vida, contrastes e desigualdades sociais e econômicas às
vésperas da Reforma, havia até mesmo certa revolta com a chamada “matemática da
salvação” ou religiosidade contábil que tratava pecados como débitos e as boas
obras como créditos e a venda de “indulgências” para perdão das penas temporais
do pecado. Martinho
Lutero. Pintura de Lucas Cranach the Elder (~1529). Via Wikimedia Commons. Quando
o dominicano Tetzel foi vender indulgências em Wittemberg, Martinho Lutero
(1483-1546), se pronunciou contrário. Lutero, natural de Eisleben, ingressou no
mosteiro de Erfurt e tornou-se professor na Universidade de Wittemberg. Diante
das indulgências, ele afixou na porta da Igreja da cidade, em 31 de outubro de
1517, 95 Teses ou convites para o debate na comunidade acadêmica, desafiando a
autoridade da Igreja. Por isso, foi acusado de heresia e chamado a Roma, em
1518, mas recusou-se a ir e manteve suas posições. Em 1519, participou de
debate e afirmou que o “infalível” Papa podia errar. Em 1520, recebeu uma “Bula
papal” para retratar-se ou seria excomungado. E Lutero, estudantes e
professores de Wittemberg queimaram a Bula em praça pública. Também escreveu
livros e tornou-se popular e notório em toda a Europa. Em 1521, na Dieta de
Worms, Lutero reafirmou suas ideias e precisou se refugiar no castelo de
Wartburg sob proteção de um príncipe-eleitor. Ali Lutero traduziu a Bíblia para
o alemão e a “reforma luterana” se espalhou rapidamente, com o apoio de vários
principados alemães, por todo o sacro Império. Mas, houve forte oposição
católica às novidades luteranas. Em 1526, houve certa tolerância. Mas, como em
1529 acabou essa política conciliadora, os líderes luteranos fizeram um “protesto”
formal de apoio a Lutero e isso deu origem ao nome histórico “protestantes”. O
auxiliar de Lutero, Filipe Melanchton (1497-1560) apresentou ao Imperador a
“Confissão de Augsburgo”, defendendo a doutrina luterana (21 artigos) e
indicando 7 erros da Igreja Romana. Ocorreram guerras político-religiosas entre
católicos e protestantes, de 1546 a 1555, findando com o tratado de “Paz de
Augsburgo”, reconhecendo a legalidade do luteranismo como religião oficial de
um território cujo príncipe a adotasse como tal. O protestantismo se espalhou
pela Suécia, Dinamarca, Noruega e Islândia. Foram defendidos princípios básicos
que caracterizaram as convicções e práticas protestantes: os cinco “Solas”:
Sola Scriptura (somente as Escrituras), solus Christo (salvação somente em
Cristo), sola gratia (salvação somente pela graça divina), sola fides (salvação
somente pela fé), soli Deo gloria (glória dada somente a Deus), além do
sacerdócio universal dos cristãos. Outro reformador que marcou época foi Ulrico
Zwínglio (1484-1531), reformador da Suíça, no movimento chamado “segunda
Reforma” que deu origem às Igrejas Reformadas na Suíça alemã e no sul da
Alemanha, promovendo mudanças mais radicais que os luteranos. Os reformadores
radicais ou Anabatistas (rebatizadores) geraram o terceiro movimento reformado,
também em Zurique, Suíça, sendo mais fanáticos, entusiastas e radicais. Os
anabatistas defenderam a separação completa entre Igreja e Estado. O grande
reformador do século 16 foi João Calvino (1509-1564), francês que se refugiou
em Genebra, estudou teologia e humanidades, Direito. Esteve em Genebra por duas
vezes, de 1536 a 1538, e de 1541 até ao final de sua vida. A cidade se tornou o
grande centro do protestantismo e preparou líderes para toda a Europa, além de
abrigar muitos refugiados das guerras religiosas. O calvinismo foi o mais
completo sistema teológico protestante e originou as Igrejas Reformadas (Europa
continental) e presbiterianas (Ilhas britânicas). A Reforma
Protestante ocorreu na Inglaterra com a atuação de refugiados que voltaram de
Genebra. Contribuíram também, o anticlericalismo dos ingleses, os ensinos
luteranos desde 1520, a tradução da Bíblia para o inglês. Mas, principalmente o
rei Henrique VIII (1491-1547), com seus muitos casamentos e desentendimentos
com o catolicismo, até que seu sucessor Eduardo VI (1547-1553) e seus tutores
implantaram a Reforma no país e cessaram as perseguições. Sintetizaram as
doutrinas luteranas e calvinistas, além dos traços da liturgia católica e, no
reinado de Elisabeth I, a Inglaterra tornou-se oficialmente protestante,
criando a Igreja Anglicana. Na Escócia,
o protestantismo foi introduzido por John Knox, discípulo de Calvino, e criou o
conceito político-religioso de “presbiterianismo”, com igrejas governadas por
oficiais eleitos pela comunidade, os presbíteros, livres da tutela do Estado. De fato,
esses protestantes não queriam inovar, mas restaurar antigas verdades bíblicas
que a Igreja havia esquecido ou trocado por suas tradições humanas. Valorizaram
as Escrituras, a salvação pela graça divina e pela fé somente, sem as obras.
Textos, artigos diversos e outras tantas formas de palavras escritas. Este é um blog para quem gosta de ler, questionar e filosofar...
31 de outubro de 2017
26 de outubro de 2017
REVOLUÇÃO RUSSA - 100 ANOS
O completar de 100 anos de um grande evento da história da humanidade não é algo que acontece todos os dias. Em 2017, a vez é a da Revolução Russa que, no mês de outubro, atinge um século desde o seu mais importante episódio, a também chamada Revolução Vermelha, que levou os bolcheviques ao poder do governo russo e mudou os rumos do século 20. Em 25 de outubro de 1917, o processo da Revolução já acontecia havia alguns meses. Apoiada pelos sovietes, a pobre, esfomeada e descontente população russa já fizera o czar Nicolau II, da dinastia Romanóv, abdicar do trono em fevereiro daquele mesmo ano. Com a sua saída, estabeleceu-se um Governo Provisório.Quem detinha o apoio da população, entretanto, era o Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), que era dividido em duas vertentes: os bolcheviquese os mencheviques.Os bolcheviques acreditavam que a insurreição socialista deveria ocorrer imediatamente e que todo o poder deveria ser distribuído. O grupo que detinha mais poder naquele momento, porém, era o dos mencheviques, composto por liberais e socialistas moderados. Estes achavam que a revolução deveria ser burguesa e ocorrer gradativamente, com diversas reformas até que o socialismo fosse alcançado. A Revolução de outubro aconteceu justamente pelo descontentamento dos bolcheviques e da população. Ambos acreditavam que nenhuma real mudança social tinha sido realizada após a queda do império. O povo continuava com fome, morrendo nos conflitos da Primeira Guerra Mundial e clamando por uma divisão justa de terras.Com o mote “paz, terra e pão”, os bolcheviques prometiam para o povo precisamente comida, uma reforma agrária e a saída da guerra. Depois de alguns meses em conflito, em 25 de outubro de 1917, o grupo é vitorioso e os camponeses e operários, enfim, passam a governar a Rússia, com Lenin no poder.
PAULO FREIRE - EDUCAÇÃO, CONSCIÊNCIA E CIDADANIA
Esse educador e filósofo brasileiro, nascido em Recife no ano de 1921, Paulo Freire destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência. Autor de “Pedagogia do Oprimido”, que foi publicado em várias línguas como o espanhol, o inglês em 1970 e até o hebraico em 1981. No começo de 1964, foi convidado pelo presidente João Goulart para coordenar o Programa Nacional de Alfabetização. Logo após o golpe militar, o método de alfabetização de Paulo Freire foi considerado uma ameaça à ordem, pelos militares. Viveu no exílio no Chile e na Suíça, onde continuou produzindo conhecimento na área de educação. Em razão da rixa política entre a ditadura militar e o socialismo cristão de Paulo Freire, o livro não foi publicado no Brasil até 1974, quando o general Geisel assumiu a presidência do país e iniciou o processo de abertura política. O livro “Pedagogia do Oprimido”, dá ênfase um método de alfabetização dialético, se diferenciou do "vanguardismo" dos intelectuais de esquerda tradicionais e sempre defendeu o diálogo com as pessoas simples, não só como método, mas como um modo de ser realmente democrático. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. Paulo Freire delineou uma Pedagogia da Libertação, intimamente relacionada com a visão marxista do Terceiro Mundo e das consideradas classes oprimidas na tentativa de elucidá-las e conscientizá-las politicamente. As suas maiores contribuições foram no campo da educação popular para a alfabetização e a conscientização política de jovens e adultos operários, chegando a influenciar em movimentos como os das Comunidades Eclesiais de Base. No entanto, a obra de Paulo Freire não se limita a esses campos, tendo eventualmente alcance mais amplo, pelo menos para a tradição de educação marxista, que incorpora o conceito básico de que não existe educação neutra. Segundo a visão de Freire, todo ato de educação é um ato político. Paulo Freire morreu de um ataque cardíaco em 2 de maio de 1997. Ficou o legado dos seus trabalhos, em 1991 foi fundado em São Paulo o Instituto Paulo Freire, para estender e elaborar as suas idéias. O instituto mantém até hoje os arquivos do educador, além de realizar numerosas atividades relacionadas com o legado do pensador e a atuação em temas da educação brasileira e mundial. Paulo Freire dizia: “Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as pessoas e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade”. Se fosse vivo, Paulo Freire completaria 90 anos no dia 19 de setembro desse ano.
PLATÃO, O PAI DA FILOSOFIA OCIDENTAL? POR QUE NÃO??
Autor de vasta obra filosófica, Platão preocupou-se com o conhecimento das verdades essenciais que determinam a realidade e, a partir disso, estabeleceu os princípios éticos que devem nortear o mundo social. Seu pensamento foi absorvido pelo cristianismo primitivo e, junto com seu mestre Sócrates e o discípulo Aristóteles, lançou os alicerces sobre os quais se assentaria as bases de toda a filosofia ocidental.A filosofia de Platão recebeu inúmeras interpretações não só devido a sua complexidade, mas por apresentar diversas etapas, em especial no que se refere à evolução das soluções que deu à teoria das idéias, poetizada e obscurecida pelo uso da linguagem simbólica. No entanto, suas doutrinas centram-se num propósito principal: opor-se ao relativismo dos sofistas, o que implica a suposição de haver conhecimento independente de fatores circunstanciais. Assim, o objetivo platônico era o conhecimento das verdades essenciais que determinam a realidade -- a ciência do universal e do necessário.
NIETZSCHE REMOU CONTRA A MARÉ?
Filosofo alemão, ateu, dizia que "Deus era um ser criado pela imaginação dos povos fracos". Sua filosofia era impregnada de ódio contra as massas populares, que considerava escravos. Elevava o homem até ao nível de super-homem, ser assumidamente superior. "O que é o macaco para o homem?, escárnio, vergonha dolorosa, assim deve ser o homem para o super-homem". Essa superioridade do super-homem que Nietzsche acreditava isolou-o no sofrimento e na dor, nos últimos anos da sua vida ele sofreu uma intensa depressão nervosa. Para Nietzsche o homem é individualidade irredutível, à qual os limites e imposições de uma razão que tolhe a vida permanecem estranhos a ela mesma, à semelhança de máscaras de que pode e deve libertar-se. Para Nietzsche, diferentemente de Kant, o mundo não tem ordem, estrutura, forma e inteligência. Nele as coisas "dançam nos pés do acaso" e somente a arte pode transfigurar a desordem do mundo em beleza e fazer aceitável tudo aquilo que há de problemático e terrível na vida. Escreve um ensaio sobre verdade e mentira no sentido extra moral, no qual explora o lado gnosiológico, de origem e fundamentação do conhecimento. O conhecimento é uma ilusão, a única relação do homem com o mundo possível é a estética. O conhecimento típico do homem, que assimila o mundo à sua perspectiva. Existem os instrumentos do conhecimento, categorias e linguagem e seu produto, o mundo percebido. Uma das perspectivas que aprecem em Nietzsche é noção de que o instinto da conservação da espécie é a responsável por muitos atos. O conhecimento é útil à preservação da vida, e é também o objetivo de todos os líderes religiosos. Escreveu em 1883 e 1885 "Assim Falou Zaratustra", em alemão "Also sprach Zarathustra", que influenciou significativamente o mundo moderno. O livro foi escrito originalmente como três volumes separados em um período de vários anos. Depois, Nietzsche decidiu escrever outros três volumes mas apenas conseguiu terminar um, elevando o número total de volumes para quatro. Após a morte de Nietzsche, ele foi impresso em um único volume. O livro narra as andanças e ensinamentos de um filósofo, que se auto nomeou Zaratustra após a fundação do Zoroastrismo na antiga Pérsia. Para explorar muitas das ideias de Nietzsche, o livro usa uma forma poética e fictícia, frequentemente satirizando o Novo testamento. Nietzsche morreu completamente louco em 1900. "A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez".
KARL MARX: A HISTÓRIA É O PROCESSO DE CRIAÇÃO DO HOMEM PELO TRABALHO HUMANO".
O pensamento de Karl Marx mudou radicalmente a
história política da humanidade. Inspirada em suas idéias, metade da população
do mundo empreendeu a revolução socialista, na intenção de coletivizar as
riquezas e distribuir justiça social. Karl Heinrich Marx nasceu em Trier, na Renânia,
então província da Prússia, em 5 de maio de 1818. Primeiro dos meninos entre os
nove filhos de uma família judaico-alemã, foi batizado numa igreja protestante,
de que o pai, advogado bem-sucedido, se tornara membro, provavelmente para
garantir respeitabilidade social. Depois de estudar em sua cidade natal, em
1835 Marx ingressou na Universidade de Bonn, onde participou da luta política
estudantil. Na Universidade de Berlim, para a qual se transferiu
em 1836, começou a estudar a filosofia de Hegel e juntou-se ao grupo dos jovens
hegelianos. Tornou-se membro de uma sociedade formada em torno do professor de
teologia Bruno Bauer, que considerava os Evangelhos narrativas fantásticas
suscitadas por necessidades psicológicas. Com uma posição política que se identificava cada
vez mais com a esquerda republicana, Marx em 1841 apresentou sua tese de
doutorado, em que analisava, na perspectiva hegeliana, as diferenças entre os
sistemas filosóficos de Demócrito e de Epicuro. Nesse mesmo ano concebeu a
idéia de um sistema que combinasse o materialismo de Ludwig Feuerbach com o
idealismo de Hegel. Passou a colaborar no jornal Rheinische Zeitung, de
Colônia, cuja direção assumiu em 1842. No ano seguinte, Marx casou-se com Jenny
von Westphalen e, logo após, sua publicação foi fechada.
O casal mudou-se para Paris, onde Marx entrou em
contato com os socialistas. Em 1845, expulso da França pelo governo,
estabeleceu-se em Bruxelas e iniciou a duradoura amizade e colaboração com
Friedrich Engels. Die heilige Familie (1845; A sagrada família) e Die deutsche
Ideologie (1845-1846, publicada em 1926; A ideologia alemã) foram as primeiras
obras que escreveram a quatro mãos. Nessa época, Marx trabalhou em diversos
tratados filosóficos contra as idéias de Bruno Bauer e do socialista utópico
Pierre-Joseph Proudhon, e em 1848 redigiu, com Engels, o Manifest der
Kommunistischen Partei (Manifesto comunista), resumo do materialismo histórico,
em que aparecia pela primeira vez o famoso apelo à revolução com as palavras
"Proletários de todos os países, uni-vos!". Depois de participar do movimento revolucionário de
1848 na Alemanha, Marx regressou definitivamente a Londres, onde durante o
resto da vida contou com a generosa ajuda econômica de Engels para manter a
família. Em 1852 escreveu Der 18 Brumaire des Louis Bonaparte (O 18 Brumário de
Luís Bonaparte), em que analisa o golpe de estado de Napoleão III do ponto de
vista do materialismo histórico. Sete anos depois, publicou Zur Kritik der
politischen Ökonomie (Contribuição à crítica da economia política), seu
primeiro tratado de teoria econômica, e em 1867 o primeiro volume de Das
Kapital (O capital), monumental análise do sistema socioeconômico capitalista,
sua obra mais importante. Marx voltou à atividade política em 1864, quando
participou da fundação da Associação Internacional de Trabalhadores. Como líder
e principal inspirador dessa Primeira Internacional, sua presença se reafirmou
em 1871, por ocasião da segunda Comuna de Paris, movimento revolucionário de
que a associação participou ativamente e em que pereceram mais de vinte mil
revoltosos. As divergências do anarquista
Mikhail Bakunin, a partir de 1872, provocaram a derrocada da
Internacional. Marx ainda participou em 1875 da fundação do Partido Social
Democrata Alemão e em seguida retirou-se da atividade política para concluir
Das Kapital. Apesar de ter reunido imensa documentação para continuar o livro,
os volumes segundo e terceiro só foram editados por Engels, em 1885 e 1894.
Outros textos foram publicados por Karl Kautsky, como quarto volume, entre 1904
e 1910. Karl Marx morreu em 14 de março de 1883, em Londres.
”SÓ SEI QUE NADA SEI"
"Só sei que nada sei.” Com essas palavras Sócrates reagiu ao pronunciamento do oráculo de Delfos, que o apontara como o mais sábio de todos os homens. O pensador foi o primeiro do grande trio de antigos filósofos gregos, que incluía ainda Platão e Aristóteles, a estabelecer, na Grécia antiga, os fundamentos filosóficos da cultura ocidental. Sócrates nasceu em Atenas por volta do ano 470 a.C. Era filho de uma parteira, Fenarete, e de Sofronisco, homem bem relacionado nos meios políticos da cidade. Como não deixou obras escritas, tudo o que se sabe de sua vida e de suas idéias é o que relatam principalmente autores como Platão e Xenofonte. Segundo os escritos de Íon de Quios e Aristóxenes, Sócrates teria estudado com Arquelau, discípulo de Anaxágoras, o primeiro filósofo importante de Atenas. Na juventude, participou de várias batalhas da guerra do Peloponeso. Casou-se tardiamente com Xantipa e teve três filhos. Sócrates era o oposto do ideal clássico de beleza: tinha o nariz achatado, os olhos esbugalhados e a barriga saliente. Sempre cercado de jovens discípulos, gozava de muita popularidade em Atenas, embora seus ensinamentos também lhe valessem grande número de inimigos. Passava a maior parte do tempo ensinando em lugares públicos, como praças, mercados e ginásios, mas ao contrário dos filósofos profissionais -- os sofistas, que combatia com vigor -- não cobrava por suas lições. Evitava intervir diretamente em assuntos políticos. Pelo menos uma vez, no entanto, entre 406 e 405 a.C., integrou o conselho legislativo de Atenas. Em 404 a.C., arriscou a vida por recusar-se a colaborar em manobras políticas arquitetadas pela dinastia dos Trinta Tiranos, que governava a cidade.
Pensamento. Segundo palavras de Cícero,
"Sócrates fez a filosofia descer dos céus à terra". Antes, os
filósofos buscavam obsessivamente uma explicação para o mundo natural, a
physis. Para Sócrates, no entanto, a
especulação filosófica devia se voltar para outro assunto, mais urgente: o
homem e tudo o que fosse humano, como a ética e a política. Sócrates dizia que a filosofia não era
possível enquanto o indivíduo não se voltasse para si próprio e reconhecesse
suas limitações. "Conhece-te a ti mesmo" era seu lema. Para ele, a
melhor maneira de abordar um tema era o diálogo: por meio do método indutivo
que denominou "maiêutica", numa alusão ao ofício de sua mãe, era
possível trazer a verdade à luz. Assim, ele se voltava para os outros -- quer
fossem um adolescente como Lísias, um militar como Laques ou sofistas
consagrados como Protágoras e Górgias -- e os interrogava a respeito de
assuntos que eles julgavam saber. Seu senso de humor confundia os
interlocutores, que acabavam confessando sua ignorância, da qual Sócrates
extraía sabedoria. O exemplo clássico da aplicação da
maiêutica é o diálogo platônico intitulado Mênon, no qual Sócrates leva um
escravo ignorante a descobrir e formular vários teoremas de geometria. A
indução, finalmente, consiste na apreensão da essência (do universal que se
acha contido no particular), na determinação conceitual e na definição. Não se
trata, para Sócrates, de definir a beleza do cavalo, dos objetos inanimados, do
escudo, da espada ou da lança, por exemplo, mas a beleza em si mesma, em sua
essência ou determinação universal. Segundo Aristóteles, a indução e a
definição podem ser atribuídas a Sócrates, cujo pensamento, a rigor, não se
confunde com o de Platão. A teoria socrática das essências, no entanto,
preparou a teoria platônica das idéias. Desinteressado da física e preocupado
apenas com as coisas morais, a antropologia socrática é a essência capaz de
regular a conduta humana e orientá-la no sentido do bem. A virtude supõe o
conhecimento racional do bem, razão pela qual se pode ensinar. O que há de
comum entre todas as virtudes é a sabedoria, que, segundo Sócrates, é o poder
da alma sobre o corpo, a temperança ou o domínio de si mesmo. Possibilitando o
domínio do corpo, a temperança permite que a alma realize as atividades que lhe
são próprias, chegando à ciência do bem. Para fazer o bem basta, portanto,
conhecê-lo. Todos os homens procuram a felicidade, isto é, o bem. Assim, o
vício não passa de ignorância, pois ninguém pode fazer o mal voluntariamente. Sócrates lançou as bases do
racionalismo idealista, que seu discípulo Platão desenvolveu mais tarde em sua
teoria das idéias. O método e as intenções de Sócrates constituíram o início da
reação helênica contra o relativismo defendido pelos sofistas, que tinha levado
o pensamento filosófico à ruína. Diante do crescente individualismo e da crise
de valores que ameaçavam a democracia ateniense, depois do declínio do culto às
divindades gregas, questões sobre a melhor forma de governo e a moral
individual tornaram-se prementes. Entretanto, a resposta de Sócrates, que
pregava um sistema moral absolutamente alheio às doutrinas religiosas e admitia
a aristocracia -- governo dos melhores -- como a forma desejável de
administração do estado, fez com que se indispusesse com as autoridades
conservadoras, o que lhe custou a vida. Condenação à morte. No ano 399 a.C.,
Sócrates foi acusado de corromper a juventude e desdenhar o culto aos deuses
tradicionais. Ao que parece, a acusação fora motivada pelo fato de ter sido ele
o educador de Alcibíades e Crítias, considerados traidores da democracia. O
processo foi montado de modo a forçar o pensador a contrariar suas idéias e a
retratar-se. A maioria dos comentadores concorda que ele teria sido poupado se
não se mostrasse tão inflexível. Sócrates manteve diante do tribunal a mesma postura irônica de sempre, o
que aumentou a irritação dos juízes. À tradicional pergunta sobre qual pena o
réu considerava justa para si próprio, Sócrates respondeu que, tendo prestado
tantos serviços à cidade, achava justo receber uma pensão vitalícia do estado.
Além disso, declarou que não aceitaria o degredo. Foi o bastante para que o
tribunal o condenasse à morte. A sentença, envenenamento com cicuta,
foi executada tempos depois. Na prisão, continuou a receber amigos e discípulos
para debater assuntos como a morte e a imortalidade da alma. Rejeitou vários
planos de fuga elaborados por Critão e outros amigos. Suas últimas palavras
foram para encomendar o sacrifício de um galo a Esculápio, o deus a quem se
atribuía a cura da fadiga e dos males da vida.
ALEXANDRE, O GRANDE
A poderosa figura de
Alexandre III pertence ao reduzido grupo de homens que definiram o curso da
história humana. Seu gênio militar se impôs sobre o império persa e assentou as
bases da frutífera civilização helenística. Alexandre nasceu em 356 a .C. no palácio de Pella,
Macedônia. Filho do rei Filipe II, cedo se destacou como um rapaz inteligente e
intrépido. Quando o príncipe tinha 13 anos, seu pai incumbiu um dos homens mais
sábios de sua época, Aristóteles, de educá-lo. Alexandre aprendeu as mais
variadas disciplinas: retórica, política, ciências físicas e naturais, medicina
e geografia, ao mesmo tempo em que se interessava pela história grega e pela
obra de autores como Eurípides e Píndaro. Também se distinguiu nas artes
marciais e na doma de cavalos, de tal forma que em poucas horas dominou o
Bucéfalo, que viria a ser sua inseparável montaria.Na arte da guerra
recebeu lições do pai, militar experiente e corajoso, que lhe transmitiu
conhecimentos de estratégia e lhe inculcou dotes de comando. O enérgico e bravo
jovem teve oportunidade de demonstrar seu valor aos 18 anos, quando, no comando
de um esquadrão de cavalaria, venceu o batalhão sagrado de Tebas na batalha de
Queronéia em 338 a.C.. Depois do assassinato de seu
pai em 336 a .C.,
Alexandre subiu ao trono da Macedônia e se dispôs a iniciar a expansão
territorial do reino. Para tão árdua empreitada contou com poderoso e
organizado exército, dividido em infantaria, cuja principal arma era a zarissa
(lança de grande comprimento) e cavalaria, que constituía a base do ataque.
Imediatamente depois de subir ao trono, Alexandre enfrentou uma sublevação de
várias cidades gregas e as incursões realizadas no norte de seu reino pelos
trácios e ilírios, aos quais logo dominou. Em contrapartida, na Grécia, a
cidade de Tebas opôs grande resistência, o que o obrigou a um violento ataque
no qual morreram milhares de tebanos. Pacificada a Grécia, o jovem
rei elaborou seu mais ambicioso projeto: a conquista do império persa, a mais
assombrosa campanha da antigüidade. Em 334 cruzou o Helesponto, e já na Ásia
avançou até o rio Granico, onde enfrentou os persas pela primeira vez e
alcançou importante vitória. Em Sardes, de posse de seu tesouro, Alexandre
construi um templo a Zeus, no antigo palácio real do rei Creso. Zeus, o Deus
padroeiro da Macedônia, encontra-se no reverso de quase toda cunhagem de prata,
entronizado, segundo a famosa estátua de Fídias em Olímpia. O verso traz
Hércules com seu capuz de máscara de leão. À medida que as fontes de fabricação
marchavam para leste, o Zeus, esculpido por operários não gregos, trona-se
crescentemente vago e o Hércules cada vez mais parecido com Alexandre.
Prosseguiu triunfante em sua jornada, arrebatando cidades aos persas, até
chegar a Górdia, onde cortou com a espada o "nó górdio", o que,
segundo a lenda, lhe assegurava o domínio da Ásia. Ante o irresistível avanço de
Alexandre, o rei dos persas, Dario III, foi a seu encontro. Na batalha de Isso
(333) consumou-se a derrota dos persas e começou o ocaso do grande império. Em
seguida, o rei macedônio empreendeu a conquista da Síria (332) e entrou no
Egito. O sonho de Alexandre, de unir
a cultura oriental à ocidental, começou a concretizar-se. O rei da Macedônia
iniciou um processo pessoal de orientalização ao tomar contato com a
civilização egípcia. Respeitou os antigos cultos aos deuses egípcios e até se
apresentou no santuário do oásis de Siwa, onde foi reconhecido como filho de
Amon e sucessor dos faraós. Em 332 fundou Alexandria, cidade que viria a
converter-se num dos grandes focos culturais da antigüidade. Depois de submeter a
Mesopotâmia, Alexandre enfrentou novamente Dario na batalha de Gaugamela em 331a.C.,
cujo resultado determinou a queda definitiva da Pérsia em poder dos macedônios.
Morto Dario, 330 a.C., Alexandre o Grande foi proclamado rei da Ásia e sucessor da
dinastia persa. Seu processo de orientalização se acentuou com o uso do selo de
Dario, da tiara persa e do cerimonial teocrático da corte oriental. Além disso,
no ano 328 contraiu matrimônio com Roxana, filha do sátrapa da Bactriana, com
quem teve um filho de nome Alexandre IV. A tendência à fusão das duas
culturas gerou desconfianças entre seus oficiais macedônios e gregos, que
temiam um excessivo afastamento dos ideais helênicos por parte de seu monarca. Nada impediu Alexandre de
continuar seu projeto imperialista em direção ao Oriente. Em 327 dirigiu suas
tropas para a longínqua Índia, país mítico para os gregos, no qual fundou
colônias militares e cidades, entre as quais Nicéia e Bucéfala, esta erigida em
memória de seu cavalo, às margens do rio Hidaspe. Ao chegar ao rio Bias, suas
tropas, cansadas de tão dura empreitada, se negaram a continuar. Alexandre
decidiu regressar à Pérsia, viagem penosa no qual foi ferido mortalmente e
acometido de febres desconhecidas, que nenhum de seus médicos soube curar.
Alexandre o Grande morreu na
Babilônia, a 13 de junho de 323
a .C., com a idade de 33 anos. O império que com tanto
esforço edificou, e que produziu a harmoniosa união do Oriente e do Ocidente,
começou a desmoronar, já que só um homem com suas qualidades poderia governar
território tão amplo e complexo, mescla de povos e culturas muito diferentes.
Depois de sua morte prematura, a influência da civilização grega no Oriente e a
orientalização do mundo grego alcançaram sua mais alta expressão no que se
conhece sob o nome de Helenismo, fenômeno cultural, politico e religioso que se prolongou até os tempos de Roma.
ALCA (ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO DAS AMERICAS), AMBIÇÃO POLÍTICA DE POUCOS OU DESINTERESSE DE MUITOS?
As posições do Brasil e dos
Estados Unidos como estava expressa nas propostas de negociação do Mercosul e
do norte-americanos divergem quanto ao cronograma, nível de obrigações, formato
e abrangência. O Brasil prefere a integração mais lenta com a liberação
tarifaria a partir de 2005, há 4 anos, data de referência acordada na Cúpula de Miami
para o término das negociações e constituição da ALCA. O processo de negociação seria distribuído em três etapas:
facilitação de negócios a desenvolver, harmonização de normas, disciplina e acesso
a todos os mercados. Os Estados Unidos privilegiam a negociação entre países,
enquanto o Mercosul prevê a negociação entre blocos. A proposta do bloco sul
americano exclui temas como as normas trabalhistas e meio-ambiente,
expressamente mencionado na proposta americana. O sequenciamento proposto pelo
Mercosul privilegia para a negociação inicial, muitos dos temas deixados para o
final pela proposta dos Estados Unidos e vice-versa.Parte da reserva brasileira
tem raízes de natureza política. A integração hemisférica poderá envolver
restrições à política externa brasileira extra hemisfério. A estabilização
econômica depois da crise mundial e a volta ao crescimento vai despertar novos
interesses de investidores estrangeiros.
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