30 de setembro de 2011

CORPOS ARDENTES

Sereno num dia nublado.
Alguém mostrou-me uma escadaria para o céu,
Depois de mil desejos aprisionados.
A boca com um gosto de fel...
Arrebatado por um perfume feminino
Que envolvia todo o ambiente,
Igual a um som estridente.
Senti o corpo em chamas,
A pele macia e sensual,
Contrastando com o instinto animal,
Adormecido nas entranhas de cada ser.
Nunca vi um olhar falar tanto
E tão profundamente.
O corpo ardente,
Ofuscado por um beijo mórbido.
Nem a sensação de vida plena
Resiste a tamanha frieza.
Atos sensuais não são tão obscuros,
Derrubam o muro da estranha indiferença.
Excitar a mente faz bem para os membros,
Para a razão incompreendida...
Ir as nuvens pelos pontos proibidos
De uma relação esquecida.
Como se um furacão tivesse arrancado a alma
E lançado no espaço profundo.
A silhueta do teu corpo nu,
Forma uma sombra psicodélica na parede do quarto.
Um oásis para um corpo fastigado,
Truicidado por noites mal-dormidas.
A amada perdida...
Abracei vultos no escuro...
Fazia frio.
Envolvidos como se fossemos um só corpo,
Contemplavámos o pôr-do-sol,
Calados adormecemos.
Então tudo se desmanchou.
O eterno ador a nos espreitar.
Na manhã seguinte, acordei de ressaca
Na realidade intragável, com o rosto sujo de batom.
O corpo volátil, todo arranhado.
Mil grilos atômicos sobre minha cabeça...
Sentei no sofá da sala,
Pensamentos anos-luz daquele local.
Outro dia lembrarei quem era ela?
Num instante depois, tomando banho,
Senti meu corpo levitando, passageiro,
Vi um rosto alienígena, estrangeiro,
Teu rosto singelamente bela e graciosa
À reluzir no espelho do banheiro.

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