28 de setembro de 2013

A REVOLTA DOS MALÊS

Dentre os diversos conflitos na História do Brasil Império, durante o período regencial que foi a transição do primeiro para o segundo reinado, aconteceu a Revolta dos Malês, mais precisamente na noite de 24 para 25 de Janeiro, no ano de 1835. A revolta foi rápida e duramente reprimida pelos poderes constituídos, já que se tratava de um movimento dos escravos muçulmanos os "Malês", que se organizaram com a proposta de libertação de todos os escravos africanos que pertencessem à religião islâmica. Aconteceu na cidade de Salvador, capital da então Província da Bahia, e teve a participação dos escravos pertencentes às etnias hauçá, igbomina e Picapó. O plano de ação dos malês se constituiu a partir das experiências de combate que tiveram anteriormente na África e consistia em propostas como o fim do catolicismo, o assassinato e o confisco dos bens de todos os brancos e mulatos, a implantação de uma morarquia islâmica e a escravização de todos que não fossem muçulmanos, independentemente de sua raça. De acordo com seus planos, eles sairiam do bairro da Vitória e iriam até Itapagipe tomando as terras e matando os ‘brancos’, em seguida se reuniriam com os demais revoltosos para então tomar o governo. Tinham o objetivo também de divulgar sua religião e “conquistar” seus direitos. A ação seguinte seria a invasão dos engenhos de açúcar e a libertação dos escravos muçulmanos.Há controvérsias sobre quem foi o autor da delação, mas o fato é que o plano dos malês foi delatado para um juiz de Paz de Salvador, e este rapidamente acionou os soldados das forças oficiais que, bem preparados e armados, cercaram os revoltosos na região da Água dos Meninos, antes mesmo de chegarem a Itapagipe. Neste local aconteceram violentos conflitos nos quais morreram 70 escravos e sete soldados. Foram presos cerca de 200 revoltosos, os quais foram julgados pelos tribunais. Alguns foram condenados a trabalhos forçados e açoites, outros foram enviados para a África
e os líderes foram condenados à pena de morte.Dentre os pertences dos escravos foram encontrados livros em árabe e orações muçulmanas. Por conta do episódio, a partir de então o governo local decretou leis que proibiam a circulação dos muçulmanos no período da noite e a prática de suas cerimônias, alegando ter que evitar outras revoltas do tipo. Apesar de ter sido reprimida com rapidez, a Revolta dos Malês mostrou a capacidade de rebelião que o povo tinha, ficando então a “ameaça” de novas revoltas durante o restante do período regencial e no segundo reinado.


GUERRAS MÉDICAS



Durante os séculos VI e V a.C., a civilização persa viveu um processo de ampliação territorial graças à ação militar de vários de seus reis. Ciro, Cambises e Dario I empreenderam a anexação de diversas áreas da Ásia Menor, até se aproximar de cidades formadas pelos gregos. Inicialmente, a relação entre os povos da Grécia Asiática e os persas foi marcada por uma relativa estabilidade. Contudo, a adoção de uma política de exploração deu início a uma série de conflitos que inauguraram as Guerras Médicas. Em um primeiro momento, entre 500 e 494 a.C., algumas cidades jônias resolveram se rebelar contra as imposições persas com o apoio militar dos atenienses. Logo em seguida, Dario I decidiu organizar tropas que invadiram a Grécia Continental com o objetivo de rebater a ofensiva ateniense. A primeira tentativa dos persas, ocorrida em 492 a.C., foi frustrada com um forte temporal que atingiu parte dos navios persas. No entanto, em 490 a.C., os persas organizaram uma nova tentativa de invasão. Dessa vez, utilizando um contingente com mais de 50 mil soldados, os persas conseguiram dominar diversas cidades da Grécia Continental. Atenas e Esparta foram as duas únicas cidades-Estado que resolveram resistir ao avanço do poderoso exército persa. Sob a liderança de Milcíades, os atenienses organizaram uma ofensiva realizada no exato momento em que os persas desembarcaram na planície de Maratona. Mesmo com um contingente muito menor, os atenienses conseguiram vencer os persas nesta batalha. Após essa primeira vitória dos gregos, as tropas atenienses retornaram para sua cidade natal tentando abafar um outro batalhão persa que se dirigia para lá. Mais uma vez, os atenienses conseguiram vencer os persas e, com isso, alcançaram grande prestígio militar entre os povos gregos. Após essas vitórias, o governo ateniense investiu na ampliação do poder naval da cidade e na ampliação do porto do Pireu. Enquanto isso, Dario passou a preparar uma tentativa de invasão ainda maior.
O rei persa acabou morrendo antes de empreender uma nova ação militar contra os gregos. Essa tarefa acabou sendo assumida pelo seu filho Xerxes, que promoveu uma nova invasão à Grécia no ano de 480 a.C.. Dessa vez, a ofensiva persa contou com o apoio dos cartagineses, que se comprometeram a lutar contra as colônias gregas localizadas no sul da Península Itálica. Em contrapartida, diversas cidades gregas se uniram para a luta contra o Império Persa. O primeiro confronto entre persas e gregos ocorreu no desfiladeiro de Termópilas, onde um grupo de soldados espartanos tentou resistir à invasão persa. Mesmo não conseguindo abater seus inimigos, a resistência oferecida pelos espartanos ofereceu tempo hábil para que os militares atenienses pudessem organizar a fuga da população. Após incendiarem uma Atenas completamente abandonada, os persas foram atraídos até o canal de Salamina, onde as forças gregas esperavam derrotar o grande poderio naval dos persas. Utilizando de uma ardilosa estratégia de guerra, os gregos conseguiram sucessivas vitórias contra os persas nas batalhas de Salamina, Platéia e Micala. Com essas sucessivas vitórias, os gregos conseguiram impedir a invasão dos persas à Grécia Continental, bem como recuperaram a autonomia política das cidades localizadas na Ásia Menor. Sob a liderança dos atenienses, a Pérsia foi finalmente derrotada com a assinatura do Tratado de Susa, estabelecido em 448 a.C..




15 de setembro de 2013

SETEMBRO NEGRO...


Em 16 de setembro, sob lei marcial, o rei Hussein deu plenos poderes ao então coronel paquistanês Muhammad Zia-ul-Haq, que, mais tarde, viria a ser presidente do Paquistão, através de um golpe de estado que derrubou Zulfikar Ali Bhutto para que acabassem com os fedayin. Os palestinos receberam, então, ordens de depor imediatamente as armas e evacuar as cidades. No mesmo dia,  Yasser Arafat tornou-se comandante supremo do Exército de Libertação da Palestina (PLA), o braço militar da OLP. Durante dez dias de guerra civil, inicialmente entre o PLA e o exército jordaniano, a Síria enviou cerca de 200 tanques para ajudar os fedayin. Em 17 de setembro, porém, o Iraque começou a retirar seus 12.000 homens estacionados perto de Zarqa. Os Estados Unidos enviaram uma esquadra para o Mediterrâneo oriental e Israel realizou movimentos de tropas, colocando-as à disposição de Hussein, caso fosse necessário. Sob ataque do exército jordaniano e sofrendo pressão externa, as forças sírias começaram a se retirar da Jordânia em 24 de setembro, depois de perder mais da metade dos seus armamentos na luta contra os jordanianos. Os fedayin se viram então na defensiva e concordaram com um cessar-fogo em 25 de setembro. Vários governantes árabes criticaram a atitude do rei Hussein e um acordo de paz foi assinado no Cairo em 27 de setembro.2 O tratado reconhecia o direito das organizações palestinas de operar na Jordânia, desde que deixassem as cidades. Posteriormente, Arafat afirmaria que o exército jordaniano matou entre 10 mil e 25 mil palestinos. Em 28 de setembro, Gamal Abdel Nasser morre de ataque cardíaco e a OLP perde a proteção árabe. Em 31 de outubro, Arafat, cuja posição estava enfraquecida, teve que assinar outro acordo pelo qual retornava o controle da Jordânia ao rei e se comprometia a desmantelar as bases dos militantes palestinos e a proibi-los de usarem armas não permitidas pelo governo jordaniano. Mas, em reunião do Conselho Palestino, a FPLP e a FDLP se recusam a aceitar esse acordo. Em 9 de novembro, o primeiro-ministro jordaniano Wasfi al-Tal ordena o confisco de armas ilegais. Em janeiro de 1971, o exército aumenta o controle sobre as cidades. Após a descoberta de um depósito de armas ilegais em Irbid, o exército estabelece o toque de recolher e começa a prender os rebeldes. Em 5 de junho de 1971, várias organizações palestinas, inclusive o Fatah, lançam um manifesto na Rádio Baghdad, conclamando a população a derrubar o rei Hussein. Finalmente o exército jordaniano recupera o controle dos últimos redutos da OLP - as cidades de Jerash e Ajloun e os militantes palestinos são expulsos para o Líbano.

A REVOLTA VERMELHA DE 35

A Revolta Vermelha de 1935 inscreve-se como conspiração de natureza político-militar, pelas suas reivindicações políticas imediatas de protesto político-institucional contra um governo autoritário dentro do quadro dos movimentos tenentistas realizados no Brasil desde a década de 1920. No entanto, articularam-se estas reivindicações, sob influência comunista, à ideia de uma revolução "nacional-popular" contra as oligarquias, o imperialismo e o autoritarismo, possuindo nas suas reivindicações menos imediatas, aspectos como: a abolição da dívida externa, a reforma agrária, o estabelecimento de um governo de base popular - em outras palavras, uma revolução "nacional-libertadora", que, embora estabelecida por um movimento armado, não se propunha a ultrapassar o quadro da ordem social burguesa como afirmado, à época, por um dos líderes do movimento, o capitão Agildo Barata. Esta confluência de influências corporificou-se na pessoa de seu principal líder, Luís Carlos Prestes, capitão do Exército Brasileiro e líder tenentista convertido ao comunismo, que dirigiu o levante - à revelia da liderança formal do Partido Comunista do Brasil, e em articulação direta com a direção da Internacional Comunista, que mantinha junto a Prestes um grupo de militantes comunistas internacionais, composto pela companheira de Prestes, a comunista alemã Olga Benário, além do argentino Rodolfo Ghioldi, o alemão Arthur Ernest Ewert, Ranieri Gonzales e alguns outros militantes ligados ao Comitê Executivo da Internacional Comunista (CEIC).
A direita brasileira sempre caracterizou esta interferência do Comintern no movimento como prova do seu caráter antinacional, em que os militantes brasileiros teriam agido como simples fantoches do comunismo internacional. Deve-se levar em conta, no entanto, que, se o Comintern stalinista da época desejava levar a cabo uma revolução vitoriosa sob sua inspiração a qualquer custo - de forma a tirar de Stalin a pecha de "grande organizador de derrotas" que lhe havia sido atribuída por Trótski após o fracasso das revoluções na Chinaem 1927, na Alemanha em 1923 e na tomada do poder por Hitler em 1933. O fato é que Prestes especulou fortemente sobre o seu prestígio e sua capacidade de articulação política para prevalecer sobre a direção formal do Partido brasileiro no processo marginalizando o então secretário-geral do Partido, Antônio Bonfim, o "Miranda" e conseguir o apoio direto do CEIC a suas políticas - cujas premissas revelar-se-iam cabalmente equivocadas.Num primeiro momento, Prestes parecia considerar que o programa nacionalista da ANL seria capaz de permitir-lhe impor-se como um movimento de massa legal capaz de atrair apoios tanto entre a classe operária e o campesinato como também entre a burguesia "progressista" de tendências anti-imperialista e antifascista para depois, quando o governo Getúlio Vargas declarou a Aliança ilegal com o apoio da burguesia e da classe média, que temiam a infiltração comunista no movimento, optar, com o apoio do CEIC, por uma ação revolucionária concebida em termos de uma mera ação militar.A ação foi planejada dentro dos quartéis. Militares simpatizantes da ANL deram início às rebeliões. Imaginava-se que depois a revolta ganharia o apoio popular, mas isto não ocorreu.A principal falha dos revolucionários foi com relação à organização. As revoltas se deram em datas diferentes, o que facilitou as ações do governo para dominar a situação e frustrar o movimento.Após derrotá-los, Vargas decretou estado de sítio e uma forte repressão aos envolvidos na Intentona Comunista. Luís Carlos Prestes foi preso, bem como vários líderes sindicais, militares e intelectuais. Mas tudo isto não passou de estratégias do presidente para preparar um futuro golpe de Estado.

GENERAL ANIBAL



General e estrategista cartaginês nascido em Cartago, filho do fundador do Império Púnico na Espanha, Amilcar Barca, fundador do império cartaginês na Espanha e comandante da primeira guerra púnica contra os romanos. Famoso por sua genialidade, aos nove anos foi levado pelo pai para a Espanha e, segundo a lenda, aprendeu e jurou ódio eterno aos romanos. Assumiu o comando do exército em 221 a. C. e tornou-se chefe supremo das tropas de Cartago, depois do assassinato do pai e do cunhado Asdrúbal. Dedicou-se inicialmente à consolidação do domínio cartaginês na península ibérica e para esse fim fez várias viagens pelo império, no decorrer das quais arregimentou tribos celtas e iberas que viriam a constituir a base de seu exército. Depois de conquistar a cidade de Sagunto em 219 a. C., aliada aos romanos e dando início à segunda guerra púnica, na Espanha, organizou um grande exército, cerca de 40 mil homens com infantaria, cavaleiros e 37 elefantes e cruzou os Alpes em direção a Roma. Após a travessia dos Pireneus e dos Alpes, o cartaginês infligiu aos romanos a primeira derrota em Trébia, no vale do rio Pó, onde incorporou a suas tropas os gauleses cisalpinos. Na batalha de Trasimeno esmagou as forças de Flamínio, estimadas em 15.000 homens, e conquistou o domínio da Itália central. Em Canas obteve outra retumbante vitória contra um contingente romano duas vezes mais numeroso que as tropas cartaginesas. Ocupou ainda Cápua e Taranto em 212 a. C., mas sem reforços e abastecimento, foi obrigado a adiar o projeto de tomar Roma e refugiou-se no extremo sul da Itália. Esperou em vão a adesão dos povos itálicos ou a chegada do exército comandado por seu irmão Asdrúbal Barca, dizimado pelos romanos na batalha do rio Metauro em 217 a. C. O inimigo passou à contra-ofensiva e recuperou progressivamente suas posições. Durante a campanha chegou próximo da cidade, mas ficou cego de um olho e perdeu metade de seus homens. Durante suas campanhas na Itália, o cônsul Públio Cornélio Cipião, o Africano, conquistou todos os territórios espanhóis que estavam sob controle cartaginês. Atravessou o oceano para defender Cartago em 203 a. C., porém foi definitivamente vencido pelos exércitos de Roma comandados por Cipião, na batalha de Zama. Roma exigiu sua rendição no ano 195 a. C. e ele procurou refúgio na corte de Antíoco, na Síria. Três anos mais tarde seu protetor foi derrotado pelos romanos e refugiou-se na Bítinia, na Ásia Menor. Roma pediu sua extradição no ano 183 a. C. e, para não ser preso pelos romanos, preferiu suicidar-se tomando veneno. As técnicas de combate inventadas pelo general cartaginês nas batalhas que travou contra os exércitos romanos, foram consagradas pela história dos conflitos bélicos. O emprego de armamento pesado móvel e de movimentos envolventes no palco de operações faz parte do legado transmitido por aquele que foi talvez o maior gênio militar da antigüidade.

TAJ MAHAL, UM TRIBUTO AO AMOR?

Considerado como uma das mais importantes construções da História da Humanidade, o Taj Mahal tem por de trás de suas edificações uma impressionante história. Durante o governo do imperador mongol Shah Jahan, houve um período de grande prosperidade material na Índia, sendo que os recursos acumulados durante esse governo permitiram a construção de vários jardins e edifícios. Na condição de monarca, Shah Jahan tinha várias esposas, mas Aryumand Banu Begam era, sem dúvida, a mais amada. A sua predileção por Aryumand era tanta, que passou a chamá-la pelo nome de Mumtaz Mahal, ou seja, “a eleita do palácio”. Entretanto, a relação afetuosa entre Mumtaz e Shah chegou ao fim quando a esposa preferida não sobreviveu ao parto de seu décimo quarto filho. Desolado com a perda de sua amada, o poderoso rei ordenou a construção de um enorme mausoléu que deveria abrigar o corpo de sua amada e, ao mesmo tempo, simbolizar o amor do rei à sua falecida esposa. Nos 22 anos seguintes à morte de Mumtaz Mahal, o rei não poupou esforços para que sua homenagem póstuma fosse devidamente concluída. Nesses vinte e dois anos, mais de 20 mil trabalhadores foram empregados na construção do Taj Mahal, nome dado à construção, que significa “a coroa do lugar”. Entre os materiais empregados na construção podemos destacar o uso de pesados blocos de mármore da Índia, ametistas persas, safiras do Ceilão, atual Sri Lanka, cristal e jade chineses, pedra turquesa tibetana e o Lápis - Lazuli do Afeganistão. Em 1657, apenas cinco anos antes do palácio ser finalmente concluído, o imperador Shah Jahan adoeceu e perdeu seu posto imperial para seu filho Aurangzeb. Durante o tempo em que ficou enfermo, Shah observava o Taj Mahal e relembrava os dias felizes que teve ao lado de sua amada. Com a sua morte, em 1666, o antigo monarca foi enterrado ao lado de sua esposa predileta. Segundo estudiosos, o gasto com a dispendiosa prova de amor acabou marcando o declínio da dominação mongol na Índia. Atualmente, o Taj Mahal representa uma das mais belas provas de amor já conhecidas. Além disso, a complexidade de seu traçado arquitetônico coloca esse mausoléu ao lado das mais perfeitas construções já realizadas pelo homem. Sua impressionante simetria arquitetônica marca a construção de seus portões, jardins e os túmulos que abrigam os corpos de Mumtaz e Shah. Relatos ainda sugerem que, na verdade, Shah construiria um Taj Mahal Negro ao lado do mausoléu em mármore branco de sua esposa. No século XIX, o poderio britânico na Índia colocou em sério risco a preservação do monumento devido à depredação realizada pelos oficiais ingleses e as rebeliões hindus. No século seguinte, os ingleses realizaram um projeto de restauração e proteção do monumento. No ano de 1993, o Taj Mahal foi considerado um patrimônio da humanidade e, com isso, a preocupação com sua conservação tornou-se responsabilidade de diversos historiadores, arquitetos e restauradores. Recentemente, intrigas giraram em torno das origens e motivações que teriam levado ao surgimento do Taj Mahal. Alguns estudiosos da cultura indiana afirmam que  Shah, rei mongol de religião muçulmana, teria utilizado da construção de um antigo templo de adoração hindu para construir o mausoléu. Além disso, sacerdotes sunitas reclamam para si a propriedade do templo por causa da opção religiosa de Shah. Entretanto, o governo da Índia ignora tais disputas ao considerar o templo como um patrimônio nacional.

14 de setembro de 2013

MASSADA, A RESISTÊNCIA JUDAICA

Encravada no deserto da Judeia, Massada é um monte rochoso, de topo achatado, que se eleva a cerca de 520 metros acima do Mar Morto, a cerca de dois quilômetros e meio de sua margem ocidental. Esse topo apresenta uma forma ovalada, com cerca de 200 metros de comprimento por 60 metros de largura. Controlada pelos romanos, essa região foi transformada pela ação de Herodes, um governante romano que dirigiu a construção de muralhas, prédios e fortificações naquele lugar. Dessa forma, Massada transformou-se em um local de difícil acesso, em que os romanos exibiam a imponência e a riqueza de seu vasto império. Mal sabiam eles que, por volta do ano 70 D.C.,momento em que Roma havia invadido e destruído a cidade de Jerusalém, os judeus organizariam uma rebelião para tomar a região e transformar aquele lugar em seu último ponto da resistência. Naquele instante, um grupo de aproximadamente mil judeus viria a morar naquela localidade ao longo dos próximos anos. Em 72 D. C., percebendo que não sairiam de lá tão cedo, Roma ordenou que um grupo de 15 mil soldados realizassem a invasão de Massada e a aniquilação dos revoltosos. Sob o comando do general Flávio Silva, os soldados romanos realizaram um grande cerco nos arredores de Massada. A tática inicial seria esperar até que os judeus saíssem do lugar em busca de água e mantimentos. Apesar de lógico, o plano demoraria muito tempo, pois os judeus contavam com um grande estoque de alimentos. Dessa forma, o general ordenou que um destacamento de judeus escravizados fosse utilizado para a construção de uma enorme rampa feita de pedras e terra batida. Através dessa rampa, os soldados construíam uma via de acesso para que pudessem ultrapassar as grossas muralhas que cercavam o lugar. Além da rampa, esses mesmos escravos foram utilizados para a construção de uma torre de vinte e oito metros postada contra a muralha. Quando alcançaram as muralhas do lugar, os romanos utilizaram o aríete, poderosa arma que utiliza uma ponta de ferro com o formato da cabeça de um carneiro. Acoplada a uma enorme tora de madeira, os soldados romanos puxavam a tora para trás e, assim, empurravam a cabeça metálica contra a muralha. Em pouco tempo, os fortes golpes abalaram as proteções de Massada. Visando dificultar as coisas para os romanos, os judeus construíram um muro interno feito de terra, pedra e madeira que foi logo incendiado. No momento em que a vitória romana se mostrava irreversível, os judeus, sob a liderança de Eleazar ben Yair’s, se convenceram de que era melhor morrer do que se entregar à Roma. Com isso, segundo o historiador Flávio Josefo, a pai de cada família judia decidiu matar a sua mulher e seus filhos. Depois disso, dez homens foram sorteados para matar os demais. Um outro sorteado entre os dez, mataria os outros nove que, por sua vez, seria forçado a cometer suicídio. Atualmente, a região de Massada é visitada por milhares de turistas interessados em conhecer o lugar em que a mítica resistência dos judeus teria acontecido. Apesar de ser difícil provar documentalmente o desfecho desse combate, observamos que os judeus incorporaram a narrativa como um importante elemento que reforça a determinação e a coragem do povo judeu. Não por acaso, os militares israelenses citam a resistência em Massada ao realizarem o seu juramento.


MAMA AFRICA, MIRIAM MAKEBA

Zenzile Miriam  Makeba começou a carreira em grupos vocais nos anos 50, interpretando uma mistura de blues americanos e ritmos tradicionais da África do Sul. No fim da década, apesar de vender bastante discos no país, recebia muito pouco pelas gravações não recebia nada  de royalties, o que lhe despertou a vontade de emigrar para os Estados Unidos a fim de poder viver profissionalmente como cantora. O seu momento decisivo aconteceu em 1960, quando participou no documentário antiapartheid  “Come Back, África”, a cuja apresentação compareceu, no Festival de Veneza daquele ano. A recepção que teve na Europa e as condições que enfrentava na África do Sul fizeram com que Miriam resolvesse não regressar ao país, o que causou a anulação do seu passaporte sul-africano. Foi então para Londres, onde se encontrou com o cantor e ator negro norte-americano Harry Belafonte, no auge do sucesso e prestígio e que seria o responsável pela entrada de Miriam no mercado americano. Através de Belafonte, também um grande ativista pelos direitos civis nos Estados Unidos, Miriam gravou vários discos de grande popularidade naquele país. A sua canção “Pata Pata”  tornou-se um enorme sucesso mundial. Em 1966, os dois ganharam o Prêmio Grammy na categoria de música folk, pelo disco “An evening with”,  Belafonte e Makeba. Em 1963, depois de um testemunho veemente sobre as condições dos negros na África do Sul, perante o Comitê das Nações Unidas contra o Apartheid, os seus discos foram banidos do país pelo governo racista; o seu direito de regresso ao lar e a sua nacionalidade sul-africana foram cassados, tornando-se apátrida. Os problemas nos Estados Unidos começaram em 1968, quando se casou com o ativista político Stokely Carmichael, um dos idealizadores do Movimento  Black Power e porta-voz dos Panteras Negras, levando ao cancelamento dos seus contratos de gravação e das suas digressões artísticas. Por este motivo, o casal mudou-se para a Guiné, onde se tornaram amigos do presidente Ahmed Sékou Touré. Nos anos 80, Makeba chegou a servir como delegada da Guiné junto da ONU, que lhe atribuiu o Prêmio da Paz Dag Hammarskjöld. Separada de Carmichael em 1973, continuou a vender discos e a fazer espetáculos em África, América do Sul e Europa. Em 1975, participou nas cerimónias da independência de Moçambique, onde lançou a canção "A Luta Continua" , slogan da Frente de Libertação de Moçambique, a  Frelimo, apreciada até aos nossos dias. A morte da sua filha única em 1985 levou-a a mudar-se para a Bélgica, onde se estabeleceu. Dois anos depois, voltaria triunfalmente ao mercado norte-americano, participando no disco de Paul Simon, “Graceland” e na digressão que se lhe seguiu. Com o fim do apartheid e a revogação das respectivas leis, Miriam Makeba regressou finalmente à sua pátria em 1990, a pedido do presidente Nelson Mandela, que a recebeu pessoalmente à chegada. Na África do Sul, participou em dois filmes de sucesso sobre a época do apartheid e do levantamento de Soweto, ocorrido em 1976. Agraciada em 2001 com a Medalha de Ouro da Paz Otto Hahn, outorgada pela Associação da Alemanha nas Nações Unidas "por relevantes serviços pela paz e pelo entendimento mundial", Miriam continuou a fazer shows em todo mundo e anunciou uma digressão de despedida, com dezoito meses de duração. Em 9 de novembro de 2008, apresentou-se num concerto a favor de Roberto Saviano, em Castel Volturno  na Itália. No palco, sofreu um ataque cardíaco e morreu no hospital na madrugada do dia 10 de novembro.