14 de julho de 2012

DOM HELDER CÂMARA: "AS PESSOAS TE PESAM, NÃO AS CARREGUE NOS OMBROS, LEVE-AS NO CORAÇÃO"

Dom Helder pregava uma Igreja simples, voltada para os pobres e a não-violência. Por sua atuação, recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais. Foi o único brasileiro indicado quatro vezes para o Prêmio Nobel da Paz. Entretanto, foi acusado por seus opositores de ser conivente com o marxismo, ideologia considerada, em geral, pela hierarquia católica, como sendo contrária aos princípios cristãos. Foi um bispo católico, grande defensor dos direitos humanos durante o regime militar brasileiro. Dom Helder dizia: "A maneira de ajudar os outros é provar-lhes que eles são capazes de pensar... Quando dou de comer aos pobres, chamam-me santo, quando respondo porque é que os pobres têm fome, chamam-me comunista". Ele desejava uma Igreja mais participativa, orientada para a defesa dos pobres e a favor dos movimentos sociais. Quando foi substituído, em 1985, em seu serviço como arcebispo de Olinda e Recife, retirou-se para viver de maneira simples, coerente, até o fim da vida, com seu posicionamento a respeito da pobreza. Sua batina branca era surrada, celebrava suas missas sem pompas, morava numa casa modesta na periferia da cidade do Recife. Sua obra, de fato, não o apresenta como teólogo, filósofo ou revolucionário teórico, mas como um pastor, no sentido mais amplos da palavra, preocupado com o bem-estar social e religioso do povo que ele amava. Sua atuação transformadora começou a se manifestar, quando foi nomeado bispo auxiliar do Rio de Janeiro, aos 43 anos. Além de ter sido um dos fundadores da CNBB - Conferência dos Bispos do Brasil em 1952, também foi um dos fundadores da Conferência Episcopal latino-americana (CELAM). No inicio dos anos 60, dom Helder dedicou-se à preparação do Concílio Vaticano II convocado por João XXIII. Dom Helder levantou a sua voz quando muitas se fizeram silenciar. Então ele foi silenciado. Desde 1970 e durante 13 anos, portanto, em uma atitude repugnante que era habitual para a ditadura, o governo proibiu-o de qualquer entrevista pública e proibiu ainda a publicação de seu nome em qualquer mídia. Exilado ficou em seu próprio país. "O segredo de ser jovem, mesmo quando os anos passam, deixando marcas no corpo é ter uma causa a que dedicar-se a vida". Dom Helder Câmara foi e é um marco na igreja católica do Brasil, esteve sempre ao lado dos excluídos pelo sistema. Ele se tornou um símbolo de dedicação ao próximo, exemplo a todos os crentes de qualquer fé, um santo rebelde que transformou toda sua fé em obras.

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