26 de abril de 2009

FEB - FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA



O envio de tropas brasileiras para lutar na Europa durante a segunda guerra mundial foi decidido depois que vários navios brasileiros foram torpedeados por submarinos alemães. O Brasil declarou guerra oficialmente aos países do Eixo no dia 22 de agosto de 1942.
Chamou-se de Força Expedicionária Brasileira (FEB) ao contingente militar que tomou parte ativa na campanha da Itália, lutando ao lado dos aliados, no segundo semestre de 1944 e primeiro de 1945.
A determinação do governo brasileiro era de enviar à Itália três divisões de infantaria (DI), além de elementos de apoio, num total de sessenta mil homens. O contingente, organizado em unidades semelhantes às do Exército americano, estaria subordinado à direção estratégica do alto comando americano. Entretanto, apenas a primeira divisão participou da luta e, com o fim da guerra, as outras duas não chegaram a embarcar. Assim, a colaboração brasileira, no tocante a forças terrestres, totalizou 25.334 homens, sob o comando do então general-de-divisão João Batista Mascarenhas de Morais. Também participou do conflito o lº Grupo de Caça, da Força Aérea Brasileira.
Os maiores problemas enfrentados pelo Exército brasileiro na mobilização do contingente foram a falta de preparação técnica e psicológica e a deficiência de equipamento e instalações. A tropa recrutada e os voluntários vindos de todo o país se concentraram na Vila Militar, num subúrbio do Rio de Janeiro. A instrução da tropa foi dificultada pelo fato de que o Exército brasileiro ainda se pautava pelos ensinamentos da missão militar francesa, que esteve no Brasil em 1921, e teve que se adaptar rapidamente à doutrina militar americana, completamente estranha aos militares brasileiros. Havia poucos instrutores para o número de soldados e o resultado do treinamento ficou bem abaixo do esperado. Se a preparação não houvesse prosseguido na Europa, o que atenuou as deficiências da época do embarque, dificilmente a FEB teria conseguido desincumbir-se de suas missões.
Chegada na Itália. O governo brasileiro recorreu aos Estados Unidos para que facilitassem o transporte do grupamento para a Itália. Em julho de 1944, o navio-transporte General Mann estava no Rio de Janeiro, à disposição da FEB. Os embarques do contingente foram escalonados e começaram no dia 2. Os últimos elementos da FEB só chegariam na Itália em 22 de fevereiro do ano seguinte. Esse escalonamento resultou no emprego fragmentado da divisão, o que criou vários problemas para seu comandante.
Uma vez na Itália, o 1º escalão de embarque rumou de Nápoles para Tarquínia, onde foi incorporado ao V Exército americano. Devido a uma grave redução dos efetivos sob seu comando, o general americano Mark Clark, comandante do V Exército, apressou o treinamento dos pracinhas brasileiros, para que pudessem entrar rapidamente em ação. Em razão de sua inexperiência, o grupo foi destacado de início para um setor relativamente calmo, até que, segundo as palavras de Mark Clark, "tivesse recebido a inoculação do combate".
Na noite de 15 de setembro de 1944, o destacamento da FEB, sob o comando do general Zenóbio da Costa, entrou em linha, na região de Vecchiano, ao norte de Pisa, em substituição a tropas americanas. Ao amanhecer, avançou para o norte e em três dias apoderou-se de Massarosa, Camaiore e Monte Prano, depois de vencer resistência esporádica do inimigo, em retirada para novas posições nos Apeninos, a chamada linha Gótica. Nessa fase, até o dia 26 de setembro, a FEB perdeu cinco homens e teve 17 feridos, mas avançou 18km e fez 31 prisioneiros.
Avanço rumo ao Pó. No dia 28 de setembro, o general Zenóbio recebeu ordens do V Exército para que a FEB avançasse na direção de Castelnuovo di Garfagnana, progredindo através do vale do rio Sarchio. A 6 de outubro, as localidades de Fornaci e Coreglia Antelminelli foram ocupadas pelos brasileiros, que capturaram, quase intacta, uma fábrica de munições e acessórios para aviões. Em 30 de outubro o destacamento brasileiro conquistou La Rochette, Lama di Sotto, Lama di Sopra, Prodoscello, Pian de los Rios, Colle e o monte San Quirico, completando assim a primeira etapa da operação de tomada de Castelnuovo, porta de acesso ao vale do Pó. Devido à importância estratégica da localidade, as tropas do Eixo desfecharam um contra-ataque e retomaram posições. Após o incidente, encerrou-se a participação do general Zenóbio nas linhas de frente, pois ele teve de supervisionar a preparação de mais dois regimentos de infantaria brasileiros que haviam chegado à Itália.
Os efetivos da FEB foram deslocados para uma frente mais importante, no vale do rio Reno, já que o objetivo de Mark Clark era "conquistar Bolonha antes do Natal". Os dois escalões brasileiros recém-chegados foram incorporados ao combate sem passar pelo planejado período de sessenta dias de adaptação e treinamento. Apesar do empenho aliado em tomar Bolonha, os alemães resistiram tenazmente em suas posições, do mar Tirreno ao Adriático. Na frente brasileira, fracassaram três ataques ao monte Castelo, em novembro e dezembro, fato que teve grande repercussão no Brasil. Em 21 de fevereiro de 1945, após um período de imobilização causada pelo inverno rigoroso, a 10ª divisão de montanha, unidade de elite americana, apoderou-se do monte Belvedere, enquanto a FEB, em ação combinada, capturava finalmente Monte Castelo, depois de 12 horas de combate.
Os ataques conjugados da FEB e da 10ª divisão de montanha prosseguiram. Os americanos conquistaram seu segundo objetivo, o monte Della Toraccia, graças em parte à conquista de La Serra pelos brasileiros, o que facilitou a posição americana. Em 5 de março de 1945, a FEB ocupou os montes Della Castellana e de Castelnuovo, abrindo definitivamente a estrada de Porreta Terme-Marano ao tráfego aliado. Com o objetivo de completar a ruptura da posição inimiga, a oeste do rio Reno, as forças brasileiras se apoderaram das regiões de Vergaro e Tole, atingindo o vale do rio Pó.
Os brasileiros conseguiram uma importante vitória em Montese, tomada em 21 de abril de 1945. A partir daí, prosseguiu o avanço aliado no vale do Pó, para evitar a evasão de tropas alemãs para o norte, onde poderiam tentar reagrupar-se. No dia 28 de abril, a FEB, que apertara o cerco sobre os alemães que se retiravam, conseguiu fazê-los retrair-se para Fornovo, onde se renderam. Nessa jornada, foram capturados 14.779 soldados da 148ª divisão de infantaria alemã e remanescentes de outras tropas do Eixo.
O dispositivo militar nazi-fascista na Itália estava em franca desagregação. A FEB ocupou a região de Piacenza e Alessandria, enquanto a 1ª divisão blindada americana tomava Novara e seguia até Turim, onde o 75º Corpo de Exército alemão, através de seu comandante, o general Joseph Pemsel, se rendeu aos aliados. Forças avançadas brasileiras fizeram junção em 2 de maio com tropas francesas, em Susa.
Vitória final. Na noite de 29 de abril de 1945, emissários do comando alemão apresentaram os termos da rendição, assinada no palácio real de Caserta. Pouco depois, em 2 de maio, foi anunciada a capitulação incondicional das tropas do Eixo no Mediterrâneo, assinada em Florença.
Em 11 de maio de 1945, na catedral de Alessandria, celebrou-se missa solene em homenagem aos componentes da Força Expedicionária Brasileira tombados na Itália. Em 6 de junho, o ministro da Guerra ordenou que as unidades da FEB se subordinassem ao comandante da 1ª Região Militar, o que, em última análise, significava a dissolução do contingente.
As cinzas dos 451 oficiais e praças brasileiros mortos no conflito, entre eles oito pilotos da FAB, foram transladadas do cemitério de Pistóia, na Itália, para o Brasil, em 5 de outubro de 1960, e hoje repousam no monumento aos mortos da segunda guerra mundial, no Rio de Janeiro.

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