17 de dezembro de 2011

SERGEI EISENSTEIN: "O VERDADEIRO SENTIDO DO FILME"

Sergei Eisenstein é um dos diretores mais inovadores e pioneiros da história do cinema. Ele praticamente inventou a técnica de montagem e influenciou grandes cienastas como Orson Welles, Jean Luc Godard, Brian de Palma e Oliver Stone. Filho de um engenheiro, estudou ciências para seguir os passos do pai. Em 1915, foi para o Instituto de Engenharia Civil de Petrogrado, onde assistiu às produções teatrais vanguardistas de Meyerhold e Yevreinov. Depois da Revolução de 1917, fez cartuns políticos e entrou no corpo de engenharia do Exército Vermelho, formado por Trótski para defender a revolução como voluntário. Seu pai juntou-se ao Exército Branco, formado pelos grupos interessados em restabelecer o antigo regime monárquico. Mesmo soldado, encenou diversas peças, para as quais desenhou os cenários e o guarda-roupa. Em 1920, ingressou na Academia Geral de Moscou. Seu primeiro sucesso foi "O mexicano", texto adaptado de Jack London. A contribuição deste novo teatro para a causa revolucionária consistia numa destruição da arte velha e na criação de uma nova e mais democrática. Os jovens artistas soviéticos usavam formas menos eruditas, como o circo, o musical, o esporte, e espetáculos de rua. Aos 26 anos, seu primeiro longa-metragem foi "A greve" de 1924, com tomadas expressionistas, reflexos em espelhos e metáforas visuais. A partir de seu passado teatral, escolhia atores não profissionais, homens e mulheres do proletariado. Em 1925 lançou "O Encouraçado Potemkin", tido como um marco da história do cinema e feito para celebrar o novo regime bolchevique. Em 1905, marinheiros desse navio do czar russo se amotinam contra a tirania de seus comandantes e assumem o controle do Potemkin. A população da cidade de Odessa apóia os amotinados, mas as tropas do regime czarista esmagam o motim com uma violência desmedida. Rodado em apenas dois meses, a montagem do "Encouraçado" supera o ritmo dos atuais videoclipes. Na abertura do filme, aparece a frase de Lênin, de 1905: "A Revolução é guerra. É a única das guerras que consideramos legítima e justa. Realmente a maior dentre as guerras que a História conheceu. Na Rússia ela foi começada e declarada". Logo depois, Eisenstein fez "Outubro", que até hoje é modelo para filmes experimentais e trabalhos de vídeo-arte. O cineasta teve bastante liberdade criativa nos primeiros filmes. Os problemas começaram com "A Linha Geral". Para o ditador Stálin, a obra não estava de acordo com o seu realismo socialista. Eisenstein não gostou e aproveitou um convite da Metro-Goldwin-Mayer. Mas, nos Estados Unidos, apesar de amigos poderosos como Charles Chaplin, os projetos não decolaram. Serguei saiu de Hollywood para fazer "Que Viva México!", cujas filmagens foram interrompidas por falta de dinheiro. Voltou para a União Soviética. Começou a filmar "O Prado de Bezhin" de 1935, interrompido. Em 1938, recebeu a ordem de filmar "Alexandre Nevski", uma peça de propaganda contra os alemães. Realizou então um sucesso estético e ideológico semelhante ao Potemkin. A cena da batalha no gelo passou para a história do cinema, como a cena do tiroteio na escadaria fizera no filme de 1905. Quando sua carreira parecia perdida, entretanto, recebeu a ordem de filmar “Alexandre Nevski”, como uma peça de propaganda anti-germânica. E, assim como já fizera no “Potemkin”, Eisenstein construiu uma obra-prima que está acima da ideologia. Com o prestígio recuperado, Eisenstein começou “Ivã, o Terrível”, que teria três partes. Mas então começou a Segunda Grande Guerra e tudo se complicou. O cineasta morreu de ataque cardíaco em 1948.

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