21 de novembro de 2010

EXISTE DEMOCRACIA RACIAL NO BRASIL?

Há uma dualidade na minha resposta: sim e não. Sim, se comparo o Brasil aos Estados Unidos com seus fundamentalistas racistas, a Ku klux Klan e tantas outras organizações. Ao olhar a Austrália que dizima seus aborígenes, colocando-os em reservas delimitadas, à Índia com suas castas milenares, as guerras tribais no continente africano e outros tantos exemplos de intolerâncias referentes a raças, povos e pessoas. Acredito também não existir democracia racial no Brasil quando presencio um apartheid social na cidade do Rio de Janeiro e demais grandes centros. Quando vejo que no Congresso Nacional são pouquíssimos os representantes negros, índios e outras etnias. Quando sei não existir mais do que 20 oficiais negros de alta patente, sejam generais, brigadeiros ou almirantes.
No dia-a-dia das universidades públicas são raríssimos os estudantes negros. Se houvesse democracia racial no Brasil não seriam necessárias cotas para negros em universidades.
Um jovem negro é morto pela Policia Militar da cidade de São Paulo, morto apenas por ser negro. Ele, este jovem estava no seu direito de ir a qualquer lugar, de estar em qualquer lugar licito, apesar de que no Brasil ainda existam lugares que negros não tenham o direito de entrar. Todo cidadão tem direito à liberdade, a ser ouvido numa delegacia e a de provar a sua inocência, mas este jovem negro foi morto com dois tiros no peito e onde ficaram seus direitos? Ele como outros tantos de jovens são invisiveis para as autoridades quando elas querem...
É dever do Estado por meio da sua polícia e suas outras instituições, garantir a segurança de seus cidadãos, abordar e prender se preciso e não matá-los friamente. É dever dela, a polícia ser imparcial e tratar a todos, negros e brancos da mesma maneira. Isso seria democracia racial verdadeira.
A tendência é piorar quando se trata do tema “democracia racial” no Brasil. O preconceito racial está se acirrando cada vez mais em nossa sociedade. Os jovens da periferia e das favelas são considerados aprendizes de bandidos, uma bomba relógio para governo e governantes, mas eles governantes esquecem de que para toda ação há uma reação. Esses jovens nunca terão direito à saúde, à educação, ao mundo digital, à cidadania plena, mas terão o dever de auto-segregarem, de verem a sociedade branca elitista que usurpa seus direitos como inimiga, numa guerra civil já declarada onde direitos e deveres se anulam porque uns perante as leis são “mais iguais do que os outros”...
No Brasil, democracia racial é balela, falácia das grandes. Ela só existe em livros de pseudo-intelectuais da direita reacionária, porém, meio que arrastando e cambaleante, nossa sociedade dá uma lição ainda e não sei por quanto tempo de harmonia e tolerância ao mundo com a nossa miscigenação, com o nosso sincretismo religioso e cultural. A paz entre os povos se constrói com gestos simples de solidariedade, respeito e igualdade. Sobre democracia racial, nem tanto à água nem tanto ao fogo.

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