Palavras ditas são como espadas cortantes, dilaceram transpassando os espíritos amenos, anulam o ser quando este espera ouvi-las como se elas fossem uma chuva de pétalas de rosas numa virada de ano e não como balas de canhão derrubando o muro da sua integridade.
A vida é um constante aprendizado, só não percebe isso quem não quer. O homem que vive na obscuridão da sua imbecilidade não desfrutará o doce sabor de um dizer que enriquece e alimenta o espírito, mas saboreará o suco amargo da alienação e da ignorância.
Ao revelar um dizer, segredos não são mais guardados, uma palavra única, explosiva, às vezes no leito de morte, um corpo esquálido, ínfimo, a voz desaparecendo e o medo de atravessar a ponte e não ter nada do outro lado. São nos momentos críticos e difíceis que os dizeres são revelados como uma foto na escuridão.
O preconceito em cada ser, arcaico, profano, retrógrado, que clama para ser revelado, dito, mas usa de subterfúgios toscos, enlameados de palavras vazias e fúteis. Ele fica lá no terreno sinistro desses corações escurecidos, ele nunca será revelado, pois seus donos são pessoas fracas, inanimadas, tolas e sem conteúdo.
Palavras ditas são como diamantes, quando bem lapidadas serão de grande valor, mas às vezes quem leciona não percebe essa variável, diz para si mesmo aquilo que já sabe e passou anos aprendendo, esses dizeres são às vezes incompreensíveis para as mentes novas, inocentes e moldadas. Elas querem dizeres abertos, lógicos que lhe tragam um aprendizado seguro...
Ao não completar um dizer, não aspiramos também os ideais que muitos não conseguiram concretizar, dizemos que há um sopro de vida em corpos fúnebres, dizemos que há um céu poluído se desmanchando, mas nada termina nem tudo se completa porque há flores que caem no outono e uma prece no silencio de uma noite de inverno.
As harmonias entre o dizer e as melodias pintam a vida e suas brechas são preenchidas num todo, criando a musica, deixando lembranças, elevando pensamentos, mas um dizer em ritmo de musica é um pouco de ontem e semente do amanhã. No dizer musical, os sons se misturam numa metamorfose alucinada, os tímpanos estão em constante expansão e explosão. A nova tendência melódica sempre será reciclada.
Trocam-se as letras, mudam-se as virgulas, omitem-se as palavras e a imagem no espelho não é reconhecida, com a ideologia radical e deformada, seja ela de esquerda ou de direita pronunciada em discursos messiânicos e demagógicos que dividem as nações e semeiam a guerra.
É preciso achar o rumo norte das virtudes e qualidades existentes, mostrar que o bem é muito maior, esse dizer orienta e salva vidas do fundo do poço e não aprisiona como uma promessa não cumprida, uma mentira alongada, sórdida que prende com seus grilhões pesados as mentes e espíritos dos incautos.
Esses diálogos num mundo de surdos, tão caótico, todo tempo é tempo de revolução, basta querer, basta crer. Nesses dias de livre surdez, o tempo não é tão escasso assim, basta querermos ouvir, sermos tolerantes, justos, caridosos e amigos. Construir o que falta para construir. Atravessar todas pontes, pois elas unem extremos.....
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