Zenzile Miriam Makeba
começou a carreira em grupos vocais nos anos 50, interpretando uma mistura de
blues americanos e ritmos tradicionais da África do Sul. No fim da década,
apesar de vender bastante discos no país, recebia muito pouco pelas gravações
não recebia nada de royalties, o que lhe
despertou a vontade de emigrar para os Estados Unidos a fim de poder viver
profissionalmente como cantora. O seu momento decisivo aconteceu em 1960,
quando participou no documentário antiapartheid “Come Back, África”, a cuja apresentação
compareceu, no Festival de Veneza daquele ano. A recepção que teve na Europa e
as condições que enfrentava na África do Sul fizeram com que Miriam resolvesse
não regressar ao país, o que causou a anulação do seu passaporte sul-africano. Foi
então para Londres, onde se encontrou com o cantor e ator negro norte-americano
Harry Belafonte, no auge do sucesso e prestígio e que seria o responsável pela
entrada de Miriam no mercado americano. Através de Belafonte, também um grande
ativista pelos direitos civis nos Estados Unidos, Miriam gravou vários discos
de grande popularidade naquele país. A sua canção “Pata Pata” tornou-se um enorme sucesso mundial. Em 1966,
os dois ganharam o Prêmio Grammy na categoria de música folk, pelo disco “An evening
with”, Belafonte e Makeba. Em 1963,
depois de um testemunho veemente sobre as condições dos negros na África do
Sul, perante o Comitê das Nações Unidas contra o Apartheid, os seus discos
foram banidos do país pelo governo racista; o seu direito de regresso ao lar e
a sua nacionalidade sul-africana foram cassados, tornando-se apátrida. Os
problemas nos Estados Unidos começaram em 1968, quando se casou com o ativista
político Stokely Carmichael, um dos idealizadores do Movimento Black Power e porta-voz dos Panteras Negras,
levando ao cancelamento dos seus contratos de gravação e das suas digressões
artísticas. Por este motivo, o casal mudou-se para a Guiné, onde se tornaram
amigos do presidente Ahmed Sékou Touré. Nos anos 80, Makeba chegou a servir
como delegada da Guiné junto da ONU, que lhe atribuiu o Prêmio da Paz Dag
Hammarskjöld. Separada de Carmichael em 1973, continuou a vender discos e a
fazer espetáculos em África, América do Sul e Europa. Em 1975, participou nas
cerimónias da independência de Moçambique, onde lançou a canção "A Luta
Continua" , slogan da Frente de Libertação de Moçambique, a Frelimo, apreciada até aos nossos dias. A
morte da sua filha única em 1985 levou-a a mudar-se para a Bélgica, onde se
estabeleceu. Dois anos depois, voltaria triunfalmente ao mercado
norte-americano, participando no disco de Paul Simon, “Graceland” e na
digressão que se lhe seguiu. Com o fim do apartheid e a revogação das
respectivas leis, Miriam Makeba regressou finalmente à sua pátria em 1990, a
pedido do presidente Nelson Mandela, que a recebeu pessoalmente à chegada. Na
África do Sul, participou em dois filmes de sucesso sobre a época do apartheid
e do levantamento de Soweto, ocorrido em 1976. Agraciada em 2001 com a Medalha
de Ouro da Paz Otto Hahn, outorgada pela Associação da Alemanha nas Nações
Unidas "por relevantes serviços pela paz e pelo entendimento
mundial", Miriam continuou a fazer shows em todo mundo e anunciou uma
digressão de despedida, com dezoito meses de duração. Em 9 de novembro de 2008,
apresentou-se num concerto a favor de Roberto Saviano, em Castel Volturno na Itália. No palco, sofreu um ataque
cardíaco e morreu no hospital na madrugada do dia 10 de novembro.
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