15 de setembro de 2013

A REVOLTA VERMELHA DE 35

A Revolta Vermelha de 1935 inscreve-se como conspiração de natureza político-militar, pelas suas reivindicações políticas imediatas de protesto político-institucional contra um governo autoritário dentro do quadro dos movimentos tenentistas realizados no Brasil desde a década de 1920. No entanto, articularam-se estas reivindicações, sob influência comunista, à ideia de uma revolução "nacional-popular" contra as oligarquias, o imperialismo e o autoritarismo, possuindo nas suas reivindicações menos imediatas, aspectos como: a abolição da dívida externa, a reforma agrária, o estabelecimento de um governo de base popular - em outras palavras, uma revolução "nacional-libertadora", que, embora estabelecida por um movimento armado, não se propunha a ultrapassar o quadro da ordem social burguesa como afirmado, à época, por um dos líderes do movimento, o capitão Agildo Barata. Esta confluência de influências corporificou-se na pessoa de seu principal líder, Luís Carlos Prestes, capitão do Exército Brasileiro e líder tenentista convertido ao comunismo, que dirigiu o levante - à revelia da liderança formal do Partido Comunista do Brasil, e em articulação direta com a direção da Internacional Comunista, que mantinha junto a Prestes um grupo de militantes comunistas internacionais, composto pela companheira de Prestes, a comunista alemã Olga Benário, além do argentino Rodolfo Ghioldi, o alemão Arthur Ernest Ewert, Ranieri Gonzales e alguns outros militantes ligados ao Comitê Executivo da Internacional Comunista (CEIC).
A direita brasileira sempre caracterizou esta interferência do Comintern no movimento como prova do seu caráter antinacional, em que os militantes brasileiros teriam agido como simples fantoches do comunismo internacional. Deve-se levar em conta, no entanto, que, se o Comintern stalinista da época desejava levar a cabo uma revolução vitoriosa sob sua inspiração a qualquer custo - de forma a tirar de Stalin a pecha de "grande organizador de derrotas" que lhe havia sido atribuída por Trótski após o fracasso das revoluções na Chinaem 1927, na Alemanha em 1923 e na tomada do poder por Hitler em 1933. O fato é que Prestes especulou fortemente sobre o seu prestígio e sua capacidade de articulação política para prevalecer sobre a direção formal do Partido brasileiro no processo marginalizando o então secretário-geral do Partido, Antônio Bonfim, o "Miranda" e conseguir o apoio direto do CEIC a suas políticas - cujas premissas revelar-se-iam cabalmente equivocadas.Num primeiro momento, Prestes parecia considerar que o programa nacionalista da ANL seria capaz de permitir-lhe impor-se como um movimento de massa legal capaz de atrair apoios tanto entre a classe operária e o campesinato como também entre a burguesia "progressista" de tendências anti-imperialista e antifascista para depois, quando o governo Getúlio Vargas declarou a Aliança ilegal com o apoio da burguesia e da classe média, que temiam a infiltração comunista no movimento, optar, com o apoio do CEIC, por uma ação revolucionária concebida em termos de uma mera ação militar.A ação foi planejada dentro dos quartéis. Militares simpatizantes da ANL deram início às rebeliões. Imaginava-se que depois a revolta ganharia o apoio popular, mas isto não ocorreu.A principal falha dos revolucionários foi com relação à organização. As revoltas se deram em datas diferentes, o que facilitou as ações do governo para dominar a situação e frustrar o movimento.Após derrotá-los, Vargas decretou estado de sítio e uma forte repressão aos envolvidos na Intentona Comunista. Luís Carlos Prestes foi preso, bem como vários líderes sindicais, militares e intelectuais. Mas tudo isto não passou de estratégias do presidente para preparar um futuro golpe de Estado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário