A Revolta Vermelha de 1935 inscreve-se como conspiração de
natureza político-militar, pelas suas reivindicações políticas imediatas de
protesto político-institucional contra um governo autoritário dentro do quadro
dos movimentos tenentistas realizados no Brasil desde a década de 1920. No
entanto, articularam-se estas reivindicações, sob influência comunista, à ideia
de uma revolução "nacional-popular" contra as oligarquias, o
imperialismo e o autoritarismo, possuindo nas suas reivindicações menos
imediatas, aspectos como: a abolição da dívida externa, a reforma agrária, o
estabelecimento de um governo de base popular - em outras palavras, uma
revolução "nacional-libertadora", que, embora estabelecida por um
movimento armado, não se propunha a ultrapassar o quadro da ordem social
burguesa como afirmado, à época, por um dos líderes do movimento, o
capitão Agildo Barata. Esta confluência de influências corporificou-se na pessoa de
seu principal líder, Luís Carlos Prestes, capitão do Exército Brasileiro e
líder tenentista convertido ao comunismo, que dirigiu o levante - à revelia da
liderança formal do Partido Comunista do Brasil, e em articulação direta com a
direção da Internacional Comunista, que mantinha junto a Prestes um grupo de
militantes comunistas internacionais, composto pela companheira de Prestes, a
comunista alemã Olga Benário, além do argentino Rodolfo Ghioldi, o alemão
Arthur Ernest Ewert, Ranieri Gonzales e alguns outros militantes ligados ao
Comitê Executivo da Internacional Comunista (CEIC).
A direita brasileira sempre caracterizou esta interferência
do Comintern no movimento como prova do seu caráter antinacional, em que os
militantes brasileiros teriam agido como simples fantoches do comunismo
internacional. Deve-se levar em conta, no entanto, que, se o Comintern stalinista da época desejava levar a cabo uma revolução vitoriosa sob sua
inspiração a qualquer custo - de forma a tirar de Stalin a pecha de
"grande organizador de derrotas" que lhe havia sido atribuída por
Trótski após o fracasso das revoluções na Chinaem 1927, na Alemanha em 1923 e
na tomada do poder por Hitler em 1933. O fato é que Prestes especulou
fortemente sobre o seu prestígio e sua capacidade de articulação política para
prevalecer sobre a direção formal do Partido brasileiro no processo
marginalizando o então secretário-geral do Partido, Antônio Bonfim, o
"Miranda" e conseguir o apoio direto do CEIC a suas políticas -
cujas premissas revelar-se-iam cabalmente equivocadas.Num primeiro momento, Prestes parecia considerar que o
programa nacionalista da ANL seria capaz de permitir-lhe impor-se como um movimento
de massa legal capaz de atrair apoios tanto entre a classe operária e o
campesinato como também entre a burguesia "progressista" de
tendências anti-imperialista e antifascista para depois, quando o governo
Getúlio Vargas declarou a Aliança ilegal com o apoio da burguesia e da classe
média, que temiam a infiltração comunista no movimento, optar, com o apoio do
CEIC, por uma ação revolucionária concebida em termos de uma mera ação militar.A ação foi planejada dentro dos quartéis. Militares simpatizantes
da ANL deram início às rebeliões. Imaginava-se que depois a revolta ganharia o
apoio popular, mas isto não ocorreu.A principal falha dos revolucionários foi com relação à
organização. As revoltas se deram em datas diferentes, o que facilitou as ações
do governo para dominar a situação e frustrar o movimento.Após derrotá-los, Vargas decretou estado de sítio e uma
forte repressão aos envolvidos na Intentona Comunista. Luís Carlos Prestes foi
preso, bem como vários líderes sindicais, militares e intelectuais. Mas tudo
isto não passou de estratégias do presidente para preparar um futuro golpe de
Estado.
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