29 de julho de 2011

SÉRGIO VIEIRA DE MELLO, O ARAUTO DA PAZ

Foi o primeiro brasileiro a atingir o alto escalão da ONU. Sérgio Vieira de Mello dizia: "Um ser humano tem o direito de viver com dignidade, igualdade e segurança. Não pode haver segurança sem uma paz verdadeira, e a paz precisa ser construída sobre a base firme dos direitos humanos" "A manutenção da paz e da segurança está indissociavelmente ligada à igualdade dos direitos entre homens e mulheres". O ex secretário-geral da ONU, de 1997 a 2007, Kofi Annan, afirmava que Sérgio Vieira de Mello era "a pessoa certa para resolver qualquer problema". Ele era funcionário da ONU desde 1969, mesmo ano em que seu pai deixara a diplomacia. Passou a maior parte de sua vida trabalhando no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, UNHCR, ou ACNUR, em português, servindo em missões humanitárias e de manutenção da paz: em Bangladesh, durante sua independência, em 1971; no Sudão e no Chipre, após a invasão turca de 1974. Por três anos foi responsável pelas operações do UNHCR em Moçambique, durante a guerra civil que se seguiu à independência do país, em 1975, e depois, no Peru. Filho do embaixador Arnaldo Vieira de Mello, posteriormente aposentado compulsoriamente pelo regime militar em 1969, e de Gilda dos Santos, Sérgio Vieira de Mello acompanhou o seu pai em várias missões pelo mundo. Depois de cursar o colegial no Colégio Franco-Brasileiro do Rio de Janeiro, estudou na Universidade de Paris, Sorbonne, onde obteve a sua licenciatura e o mestrado para o ensino em Filosofia em 1969 e 1970, respectivamente. Durante os 4 anos que se seguiram, Vieira de Mello, prosseguiu os seus estudos de filosofia na Universidade de Paris I , Panthéon-Sorbonne, ao fim dos quais obteve um doutoramento do terceiro ciclo e, em 1985 o doutorado de Estado em Letras e Ciências Humanas, sustentando a tese "Civitas Maxima". Em 1981 foi nomeado conselheiro político sênior das forças da ONU no Líbano. Em 1982, ao lado das forças de paz, a invasão do país por Israel, em desacordo com resoluções da ONU, foi uma amarga decepção. Depois disso, desempenhou diversas funções importantes, no UNHCR, de 1983 a 1991. Foi chefe do Departamento Regional para Ásia e Oceania e diretor da Divisão de Relações Externas. Entre 1991 e 1996, foi enviado especial do Alto Comissário ao Camboja, como diretor do repatriamento da Autoridade da ONU de Transição no Camboja, U.N. Transitional Authority in Cambodia, UNTAC, tendo sido o primeiro e único representante da ONU a manter conversações com o Khmer Vermelho. Foi diretor da United Nations Protection Force , UNPROFOR, a primeira força de paz na Croácia e na Bósnia e Herzegovina, durante as guerras da Iugoslávia. Foi também coordenador humanitário da ONU na região dos Grandes Lagos Africanos. Em 1996 foi nomeado assistente do Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, antes de ser enviado para Nova Iorque, em janeiro de 1998, como Secretário-geral-adjunto para Assuntos Humanitários das Nações Unidas. Para muitos, o diplomata brasileiro era a personificação do que a ONU poderia e deveria ser: com uma disposição fora do comum para ir ao campo de ação, corajoso, carismático, flexível, pragmático e muito eficiente na negociação com governos corruptos e ditadores sanguinários, em busca da paz. Como negociador, atuou em alguns dos principais conflitos mundiais: Bangladesh, Camboja, Líbano, Bósnia e Herzegovina, Kosovo, Ruanda e Timor-Leste, entre 1999 e 2002, quando se mostraria inflexível nas denúncias dos crimes indonésios. E por fim, no Iraque, onde foi morto em 19 de agosto de 2003 durante o ataque suicida ao Hotel Canal, com a explosão provocada por um caminhão-bomba. O Hotel Canal era usado como sede da ONU em Bagdá há mais de uma década. Sergio Vieira de Melo era cidadão do mundo, um arauto da paz. Alguns meses após o atentado, a ONU realizou uma homenagem póstuma, entregando o Prêmio de Direitos Humanos das Nações Unidas àquele que foi um dos mais importantes diplomatas do Brasil e da Instituição.

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