Em Roanoke no Estado da Vírginia, no dia 18 de agosto de 1920 nasceria uma mulher negra que mudaria os rumos da pesquisa cientifica no mundo. Era Henrietta Lacks, uma ex-lavradora de tabaco no sul dos Estados Unidos, descendente de escravos. Aos 30 anos, mãe de cinco filhos, passou a sentir um caroço na altura do útero, embora escondesse as dores da família. Lacks foi diagnosticada com um tumor cervical e enviou células a um pesquisador do Johns Hopkins Hospital. Seu câncer produzia metástases anormalmente rápidas, mais que qualquer outro tipo de câncer conhecido pelos médicos. Após a morte de Henrietta Lacks em Baltimore no Estado de Maryland no 4 de outubro de 1951, com vários tumores, mesmo após os médicos alegarem controle da doença, suas células continuaram sendo cultivadas para estudo de sua impressionante longevidade, sendo, por isso, distribuidas para vários laboratórios de todo o mundo. Henrietta foi a doadora involuntária de células cancerosas, mantidas em cultura microbiológica pelo cientista George Otto Gey para criar a primeira linhagem celular imortal da história. Esta linha de células, utilizada em pesquisas médicas, atualmente é conhecida como HeLa e torna Henrietta Lacks famosa no meio científico. Jonas Salk as utilizou para produzir uma vacina contra a poliomielite. Elas são cultivadas até hoje em vários laboratórios em frascos de plástico contendo soro bovino. Portanto, milhares de trabalhos científicos foram realizados com essas células. Foram enviadas ao espaço para experiências sob gravidade zero. Nesse meio século desde sua morte, suas células foram continuamente usadas em experimentos e pesquisas contra o câncer, AIDS, efeitos da radiação, mapeamento genético e muito mais. Calcula-se que a quantidade de células existentes nos laboratórios de todo o mundo supere o número de células da senhora Lacks em vida. As células HeLa são chamadas de imortais por se dividirem num número ilimitado de vezes, desde que mantidas em condições ideais de laboratório. Atribui-se isso ao fato dessas células terem uma versão ativa da enzima Telomerase, implicada no processo de morte das células e no número de vezes que uma célula pode se dividir. Talvez algumas linhagens tenham sido contaminadas por outras células, mas todas provêm da amostra retirada do tumor da senhora Lacks. Muitas pessoas ao longo desses anos ganharam e estão ganhando dinheiro às custa dessa mulher. O livro "A Vida Imortal de Henrietta Lacks", publicado em 2007 de Rebecca Skloot foi lançado no Brasil pela Companhia das Letras. As gerações que vieram posteriormente agradecem, obrigado, Senhora Henrietta Lacks.
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