Nascido em 1938, Osvaldo Orlando da Costa, o "Osvaldão" era um negro de quase dois metros de altura e 100 kg. Nascido na cidade de Passa Quatro, Minas Gerais, radicou-se no Rio de Janeiro, onde foi campeão de boxe pelo Botafogo e chegou a ser tenente do Exército. Engenheiro formado em Praga, na Checoslováquia, era inteligente, gostava de dançar e tinha um bom humor inconfundível. Em meados dos anos 60, sua aguçada sensibilidade social levou-o ao Partido Comunista do Brasil, PCdoB. Osvaldão foi um dos primeiros militantes comunistas a chegar na região do Araguaia, em 1967, com a missão de implantar uma guerrilha junto com outros companheiros. De acordo com as instruções do Partido, que pregava uma mistura dos militantes com os habitantes da região, estabeleu-se como garimpeiro, caçador e mariscador. Tornou-se, em pouco tempo, o maior conhecedor da área ocupada pelos guerrilheiros e bastante popular entre os camponeses e agricultores do Bico do Papagaio, a região no sul do Pará onde o PCdoB se estabeleceu. Como comandante do Destacamento B, um dos três do movimento guerrilheiro, ele participou com êxito de vários combates contra as tropas do governo, a partir de 1972. Devido à sua formação militar, adquirida nos tempos em que foi oficial da reserva do CPOR, realizado concomitantemente com o curso de Máquinas e Motores na Escola Técnica Nacional no antigo Estado da Guanabara e de um posterior treinamento militar na China, era um dos guerrilheiros mais temidos pelo Exército. Considerado mítico e imortal pelo povo morador do Araguaia, que o acreditava ser capaz de transformar-se em pedra, árvore ou animal. Foi o autor da primeira morte militar durante a guerrilha, quando durante um encontro na mata com uma patrulha do exército matou a tiros o cabo Odílio Cruz Rosa. Osvaldão foi morto com um tiro de carabina quando descansava num barranco, em 4 de fevereiro de 1974, nos estágios finais da ofensiva militar que aniquilou a guerrilha, pelo mateiro Arlindo Vieira 'Piauí', um conhecido seu que na época havia virado guia das patrulhas militares. Seu corpo foi pendurado num helicóptero que sobrevoou várias áreas da região a mostrar aos caboclos locais que o "imortal" guerrilheiro estava morto. Decapitado por um sargento do exército, seus restos foram deixados na mata e nunca encontrados. Osvaldão, um herói negro desconhecido que não fugiu da luta por um país mais justo. Apesar das inúmeras tentativas de apagar o nome de Osvaldão da história, ele está junto de tantos outros heróis negros que dedicaram suas vidas à uma causa, a da liberdade e justiça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário