No dia 26 de abril de 1976, num sábado, as mães se uniram para chorarem juntas na Plaza de Mayo, principal praça do centro de Buenos Aires. As “Madres de la Plaza de Mayo” foram inseridas na luta quando seus filhos e netos, ativistas na luta contra a ditadura na Argentina, começaram a desaparecer. Em 30 de abril de 1977, quando se intensificava o terrorismo de Estado, 14 mulheres se reuniram na Praça de Maio para reclamar seus filhos desaparecidos, o que, com o tempo, seria encarado como ato de coragem. A iniciativa de se reunir na Praça de Maio para ser ouvida pelo presidente e ditador Jorge Videla, que ocupava a Casa Rosada, sede de governo argentino desde 24 de março de 1976, foi de Azucena Villafor De Vicenti, seqüestrada em 10 de dezembro de 1978 e jogada de um avião militar em alto-mar. Elas eram donas de casa, se ocupavam dos afazeres do lar e, em sua grande maioria, não compreendiam em profundidade o motivo da luta de seus filhos. Iam à delegacia e não obtinham respostas, na igreja, ouviam dos padres que eram seus filhos e netos os próprios culpados pelos desaparecimentos. Como era proibida a concentração de pessoas, ato passível de prisão, lembrando que o país estava sob uma ditadura, a polícia as dispersou. As mães se foram, mas retornaram numa quinta-feira. Já que não podiam ficar paradas, começaram a circular em torno da praça. Inacreditavelmente, essa manifestação circular perdura até os dias de hoje. Toda quinta-feira as mães se reunem e circulam. Não existe, por parte delas, a esperança de reencontrarem seus filhos e netos com vida. O que há é o espírito de luta por justiça. Por mais de três décadas, essas mães, agora avós têm lutado pelo direito de se reunir com seus filhos e netos desaparecidos.
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