28 de junho de 2011

BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA, NO PASSADO, O OÁSIS DO SABER...

No vigésimo ano da Hégira, isso equivale a 22 de dezembro de 640, o general Amr Ibn al-As, o emir dos agareus, conquistava Alexandria, no Egito, colocando a cidade sob o domínio do califa Omar. Era um dos começos do fim da famosa Biblioteca de Alexandria, construída por para "reunir os livros de todos os povos da Terra" e destruída mais de mil anos depois. A instituição da antiga biblioteca de Alexandria tinha como o principal objetivo preservar e divulgar a cultura nacional. Continha livros que foram levados de Atenas. Existia também matemáticos ligados à biblioteca, como por exemplo Euclides de Alexandria. Ela se tornou um grande centro de comércio e fabricação de papiros. Considera-se que tenha sido fundada no início do século III a.C., durante o reinado de Ptolomeu II, após seu pai ter construído o Templo das Musas “Museum”. É atribuída a Demétrio de Falero sua organização inicial. Conta-se que um dos incêndios da histórica biblioteca foi provocado por César. Em caçada a Pompeu, o seu inimigo de Triunvirato formado por Pompeu, Crasso e ele, César deparou-se com a cidade de Alexandria, governada na época por Ptolomeu XII, irmão de Cleópatra. Pompeu foi decapitado por um dos tutores do jovem Ptolomeu, e sua cabeça foi entregue a César juntamente com o seu anel. Diz-se que ao ver a cabeça do inimigo César pôs-se a chorar. Apaixonando-se perdidamente por Cleópatra, César conseguiu colocá-la no poder através da força. Os tutores do jovem faraó foram mortos, mas um conseguiu escapar. Temendo que o homem pudesse fugir de navio mandou incendiar todos, inclusive os seus. O incêndio alastrou-se e atingiu uma parte da famosa biblioteca. De fato, existiram duas grandes Bibliotecas de Alexandria. A biblioteca "mãe" e a "filha". De início a "filha" era usada apenas como complemento da primeira, mas com o incêndio acidental, por Júlio César, no século I, da biblioteca "mãe", a "filha" ganhou uma nova importância, ficando quase 400 anos a acumular livros, esta talvez tenha ficado maior que a Biblioteca "mãe". Estima-se que a biblioteca "filha" tenha armazenado mais de 400 mil rolos de papiro, podendo ter chegado a 1 milhão. As Bibliotecas de Alexandria eram os maiores centros de conhecimento do planeta, na altura, albergando um saber sem igual. Vinham sábios de todo o mundo para Alexandria e debatiam os mais variados temas. Este clima de tolerância para com as outras culturas não voltaria a ser visto durante mais de 1500 anos. Em 391 D.C., durante o reinado do imperador Teodósio, a biblioteca "filha" foi completamente destruída, juntamente com um enorme templo a Serápis, pelo bispo Teófilo que mais tarde foi canonizado. Segundo o próprio: "Só não consegui arrancar as fundações porque estas eram demasiado pesadas". Com a destruição deste grande centro de conhecimento a humanidade passou de ter uma mentalidade de tolerância muito semelhante à atual, para regressar à Idade do Bronze, em termos de conhecimento e moralidade, ficando mergulhada na "idade das trevas" durante os 1000 anos seguintes. A lista dos grandes pensadores que frequentaram a biblioteca e o museu de Alexandria inclui nomes de grandes gênios do passado. Importantes obras sobre geometria, trigonometria e astronomia, bem como sobre idiomas, literatura e medicina, são creditados a eruditos de Alexandria. Segundo a tradição, foi ali que 72 eruditos judeus traduziram as Escrituras Hebraicas para o grego, produzindo assim a famosa “Septuaginta”, nome da versão da Bíblia hebraica para o grego koiné, traduzida em etapas. Dada a sua riqueza, a Biblioteca foi alvo de atenção dos falsários. Assim, uma das tarefas dos funcionários do Museu consistia em distinguir as obras apócrifas das autênticas. Por exemplo, os poemas homéricos foram analisados por um filólogo do Museu, Zenódoto de Éfeso, final do séc. III A.C.que assinalou as passagens mais suspeitas, o mesmo ocorrendo com os poemas trágicos e a literatura grega. Assim, nascia no Museu a crítica dos textos. A história é bonita, mas, como toda história, diz apenas parte da História. Em termos mais objetivos, o mais provável é que a Biblioteca de Alexandria tenha sucumbido a vários incêndios.

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